Sinopse
1966. Helen Reddy (Tilda
Cobham-Hervey) chega a Nova York com a filha de três anos, uma mala e 230
dólares. Tinham-lhe dito que ganhara um contrato de gravação, mas a editora
destrói-lhe prontamente as esperanças, dizendo que não precisa de mais cantoras
femininas e aconselhando-a a divertir-se em Nova Iorque, antes de regressar à
Austrália.
Sem visto, Helen opta por
ficar em Nova Iorque de qualquer maneira, para tentar lançar uma carreira de
cantora. Mal conseguindo pagar as contas e sustentar a filha, trava amizade com
a lendária jornalista de rock Lillian Roxon. Esta torna-se a sua melhor amiga e
inspira-a a escrever e a cantar a icónica canção "I Am Woman".
Revelando-se um Hino para o Movimento Feminista, a canção estimula toda uma
geração de mulheres a lutar pela mudança.
Ainda em Nova Iorque, também
conhece Jeff Wald (Evan Peters), um jovem aspirante a manager de talentos que
virá a ser seu agente e marido. Jeff ajuda-a a chegar aos tops, mas é viciado
em droga, o que acaba por tornar tóxica a relação entre eles. Presa num rodopio
de fama e dependência de Jeff, que lhe gere a vida pessoal, Helen encontra
forças para recuperar o controle da sua carreira e continuar a tentar
concretizar os seus sonhos.
Opinião
por Artur Neves
Parece estar na moda, filmes
sobre a vida de figuras destacadas da música mundial, tais como “Judy” sobre Judy
Garland interpretada por Renée Zellweger, Freddie Mercury em "Bohemian
Rhapsody" representado por Rami Malek que nestas crónicas eu já discordei
da escolha do ator, ou Elton John em "Rocketman" representado por Taron
Egerton e desta vez temos Helen Reddy a ser homenageada neste “I am Woman” representada
por Tilda Cobham-Hervey uma atriz australiana, tal como Helen que para lá da
música se destacou como a autora de uma canção que foi adotada como hino da
emancipação feminina nos Estados Unidos, funcionando assim como a recuperação
de um icon quase esquecido (em Portugal não me lembro da citação do seu nome,
talvez devido à política da época) mas perfeitamente justo considerando a
influencia agregadora para o movimento feminista de segunda onda que começou
nos USA em 1960, durou duas décadas e espalhou-se pelo mundo ocidental com o
objetivo de estabelecer uma verdadeira igualdade de oportunidades entre homens
e mulheres.
Nesse campo “I am Woman”
distingue-se dos seus congéneres anteriormente citados, até porque a projeção
mundial de Helen Reddy foi mais modesta como cantora, sendo a sua obra mais
significativa construída por raiva contra o marido e os homens em geral, numa
altura em que o vício da droga exibido por este, já causava sérios danos à
relação do casal.
Tal como a sinopse
amplamente descreve o estrelato de Helen deveu-se à sua persistência assente no
grande espírito de sacrifício em compor e cantar canções doces e suaves em
bares quase desertos, numa altura em que o mundo estava voltado para os
Beatles, Rolling Stones e outros intérpretes masculinos de música mais moderna
que a sua.
Para o bem e para o mal
conheceu o seu marido Jeff Wald (Evan Peters), numa altura em que este também
procurava o seu lugar no mundo, era empreendedor, amaram-se e constituíram uma
dupla em que ela era o “show” e ele o
“business” e lutaram contra as
gravadoras que lhe davam prémios, chamavam-lhe de “querida” mas tratavam-na com
desdém e negavam-lhe a tão desejada gravação que só Jeff Wald conseguiu. Aliás Wald
era um lutador, não fosse o vício da cocaína que o traiu e acabou com seu o
casamento com Helen, em 1975 a sua empresa de gestão de carreiras agenciou
figuras como; Miles Davis, Marvin Gaye, Sylvester Stallone, Donna Summer e Mike
Tyson, entre outros. Com os novos tempos a Sony comprou a empresa de Wald,
embora ele tenha continuado ao leme até 1991.
Atualmente Helen Reddy tem
79 anos, sofre de Alzheimer e vive num lar rodeada de conforto, atenções e
cuidados, mas a estreia do filme em 2019 e o seu visionamento motivou-lhe
memórias que a fizeram exibir um sorriso que aos filhos e aos mais próximos
lembraram o seu sorriso de sempre, muito embora sem ter articulado qualquer
palavra referente à época.
A performance de Tilda Cobham-Hervey é consistente e agradável de ver,
personificando uma Helen que não vacila nem se deixa abater contra as
contrariedades da vida e da família, todavia o argumento não esclarece o que
aconteceu à sua carreira para terminar tão completamente em 1983 e porque o seu
legado é generalizadamente desconhecido do público de hoje, sendo constituído por
músicas intemporais, em que “I am Woman” só identifica a estrela mas não conta
a história da mulher. Interessante no género.
Classificação: 6 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário