Sinopse
Em 1721, o Regente de
França, numa tentativa de selar a paz com Espanha, oferece ao Rei espanhol, um
casamento entre os herdeiros respectivos: Luís XV, de 11 anos, e Mariana
Victoria, a infanta espanhola de 4 anos. O Regente propõe também a sua filha,
Mademoiselle de Montpensier, de 12 anos, ao Príncipe das Astúrias, o herdeiro
do trono de 14 anos. Madrid responde com entusiasmo às propostas. A troca das
princesas realiza-se numa pequena ilha, entre os dois países. Mas nada corre
como planeado.
Opinião
por Artur Neves
A sinopse anterior descreve
sucintamente todo e enredo da história em que baseia este filme de Marc Dugain,
realizador e argumentista francês, nascido em 1957 no Senegal, que tem no seu
curriculum diversas obras de caris autobiográfico e histórico referente a
personalidades como Joseph Staline ou J. Edgar Woover.
A história decorre quase completamente
no interior dos palácios para onde o regente do Reino da França, Philippe
d'Orléans engendrou o plano de casar o futuro rei de França, Luís XV, de 11 anos,
com Marie-Anne-Victoire d'Espagne, de 4. Não satisfeito com isso, ele
acrescenta ao “lote” a oferta da sua filha Louise-Élisabeth d'Orléans, de 12,
para desposar o príncipe herdeiro do trono espanhol, Luis, de 14 anos que nos é
apresentado como um imberbe totalmente impreparado para viver, ou casar, quanto
mais para reinar.
É este o mérito do filme e
do argumento que o suporta, escrito por Chantal Thomas que tem provas dadas
nesta área de desmontagem da convenção história sobre as monarquias europeias
que até hoje se revelam pelos piores motivos.
No presente caso é o desespero
de Philippe d'Orléans, (Olivier Gourmet) a sua incapacidade e impreparação para
assumir as tarefas régias durante a infância de Luis XV que o leva a tentar
estabelecer uma ponte e uma amarração com o futuro, através do enlace dos atuais
infantes, independentemente das suas preferências. Era o normal na época, bem
sei e a história também nos mostra isso, mas só a ociosidade da sua vida
palaciana e a total ausência de preocupação com o povo e os destinos da nação é
que o faria pensar em levar o jovem Luis XV a assumir um compromisso de
casamento com uma criança de 4 anos que o filme até nos mostra ter uma presença
de espírito e de premonição invulgares para a idade.
Só pela idade e pela impreparação
generalizada destes quatro peões infantis, usados nesta absurda empresa de
vinculação dinástica pode-se suspeitar do sucesso da ideia, mas todo o ambiente
vivido na corte de França e de Espanha que o filme nos mostra, sugere-nos
claramente à sua conclusão catastrófica de devolução das “encomendas” às suas
origens naturais de onde não deveriam ter saído.
Rodado quase completamente no
ambiente interior dos palácios, o filme apresenta uma dinâmica lenta e soturna,
filmado à luz de velas, no interior de salões, onde por vezes se espera que uma
acção aconteça. Porém, esta fica retida no protocolo das cerimónias da corte e
nos pensamentos dos seus agentes, mostrando-nos as vidas estéreis dos detentores
do poder, embora inocentes nas suas atitudes, porque ainda ingénuos nos
objetivos a atingir.
Fica-nos assim uma revelação
histórica, por vezes comovente, dos poderes reais e da monarquia, interpretado
por atores bem escolhidos com particular destaque para Marie-Anne-Victoire (Juliane
Lepoureau) que apesar da sua tenra idade obtém um excelente desempenho.
Nas salas a partir de 20 de
agosto
Classificação: 5 numa escala
de 10
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