“O Segredo – Atreve-te a
Sonhar” conta a história de Miranda Wells (Katie Holmes), uma mulher muito
trabalhadora, viúva, que luta para criar três filhos sozinha. Uma forte
tempestade traz para a sua vida um desafio devastador e um homem misterioso,
Bray Johnson (Josh Lucas). Em poucos dias, a presença de Bray reacende o ânimo
da família, mas ele transporta consigo um segredo – e esse segredo pode mudar
tudo.
Este drama romântico
baseia-se na obra de Rhonda Byrne, "O Segredo" publicado em 2007 em
Portugal. Com mais de 30 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, permaneceu
190 semanas na lista de livros mais vendidos do "The New York Times",
sendo o livro mais vendido de sempre em Portugal, com meio milhão de
exemplares. O livro apresenta a Lei da Atração, que defende que os nossos
pensamentos moldam a nossa realidade e que os seres humanos podem controlar as
suas vidas com a mente e alcançar os seus desejos.
Opinião
por Artur Neves
A Lei da Atração mencionada
na sinopse, inspirada no princípio Taoista: “Acredita e Materializas” mais não
é, na tradição judaico cristã profusamente divulgada em Portugal, o conteúdo do
proverbio popular “A fé move montanhas” que nos aparece divulgada até à
exaustão no livro “O Segredo”, travestido de filosofia de auto ajuda escrito
por Rhonda Byrne a quem propiciou uma invulgar projecção mediática com os respectivos
proventos associados, posteriormente divulgado em DVD na forma de documentário.
Andy Tennant, realizador
americano cujo filme mais significativo da sua obra é; “Para sempre Cinderela”
de 1998, pegou no argumento de um drama romântico de Bekah Brunstetter e Rick
Parks, adaptado ao formato pela própria Rhonda Byrne, que lhe empresta um vago
sentido de espiritualidade, oferece-nos esta história de pensamento positivo,
polvilhado de pseudo filosofia barata, através da qual, durante uma tempestade
torrencial, quando as crianças da casa exprimem o seu desejo por pizza,
aparece-lhes milagrosamente um entregador de pizzas na porta de frente para lhe
cumprir e satisfazer os desejos. O mago da lâmpada de Aladino não faria melhor.
Tudo o resto é comum dos
dramas românticos, Miranda Wells (Katie Holmes), desempregada, falida, viúva e
mãe de três filhos, (só desgraças) vive atormentada pela manutenção da sua vida,
que só piora, quando a tempestade causa danos consideráveis na sua casa (mais
desgraça) tem um encontro “casual” com Bray Johnson (Josh Lucas) que lhe
oferece incondicional ajuda no seu infortúnio, que naturalmente lhe causam
surpresa e desconfiança, não só a ela como ao seu encalhado namorado de longa
data Tucker (Jerry O'Connell) que começam a questionar tão generosas e
oportunas ofertas.
Porém não há nada de mal e
somente os seus espíritos sem esperança, sem ver a luz, é que gera as suas
dúvidas infundadas que serão dissipadas sempre que Bray adicione á sua ajuda
pequenas pérolas de sabedoria sobre o poder das Leis da Atração e do pensamento
positivo do tipo “quanto mais pensas em algo mais o atrais para ti” em que o
episódio das pizzas, para além de outros, são verdadeiramente singulares.
Se descartarmos os chavões e
os clichés de auto ajuda a história até se compõe razoavelmente bem como um
romance maduro, uma segunda oportunidade entre dois personagens interpretados
por dois atores que sabem ao que vão e sabem fazer com que secretamente desejemos
que os seus personagens se encontrem, mas as manipulações emocionais do formato
e as narrativas lamechas utilizadas geram situações que nos fazem querer
vomitar, tais são os esforços artificiais de Rhonda Byrne para introduzir as
suas recomendações e comentários no processo.
Por outro lado, os problemas
financeiros de Miranda são facilmente assimiláveis por vários espectadores com
dificuldades semelhantes nestes tempos difíceis e interiorizar que apenas o
desejo intenso e constante de melhoria são suficientes para os ultrapassar,
pode conduzir a grandes desilusões.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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