Sinopse
Durante o turno da noite,
Bart Bromley (Tye Sheridan) um jovem rececionista, testemunha o assassinato de
uma mulher num dos quartos do hotel, mas os seus comportamentos suspeitos
acabam por o colocar como principal suspeito. No decorrer da investigação, Bart
cria uma relação próxima com uma das hóspedes, Andrea (Ana de Armas), e
rapidamente percebe que tem de parar o verdadeiro assassino antes que ela seja
a próxima vítima. As imagens das câmaras de vigilância, que Bart mantém em
segredo para observar os hóspedes, são a única forma de conseguir provar a sua
inocência e salvar Andrea.
Opinião
por Artur Neves
Este “Rececionista” corporiza
um estilo hitchcockiano, sem o brilho nem a sagacidade do mestre num filme que
pretende ser noir sem contudo,
conseguir chegar a lugar algum.
Bart Bromley é um
rececionista de hotel de preços módicos e permanências curtas que sofre de
síndrome de Asperger que é um distúrbio psicológico do espectro do autismo que
se caracteriza por dificuldades no relacionamento interpessoal e na comunicação
não verbal, exibindo para compensar essas deficiências, padrões comportamentais
repetitivos que causam surpresa a quem não está familiarizado com a doença.
Todavia, Bart tenta corrigir
essas deficiências através da observação do comportamento de pessoas normais,
de forma a poder “aprender” os modos e as formas de comunicação e assim esbater
a sua diferença relativamente aos outros com quem ele tem reserva em se
relacionar e não sabe como se aproximar. A sua limitação é tal que sua mãe Ethel
Bromley (Helen Hunt) lhe prepara as refeições e coloca-as à porta do quarto, de
forma a ele se poder alimentar sem o esforço de partilha da sua presença com
ela.
Para conseguir essa “aprendizagem”
ele instalou câmaras de vigilância nos quartos do hotel e observa os hóspedes
nas suas atitudes íntimas, incorrendo assim no crime de voyeurismo, com as quais ele pretende identificar-se com os seus
modelos. O problema começa quando ele assiste a um assassinato num dos quartos
e não revela à polícia tudo o que sabe porque não quer expor a violação de
privacidade que reiteradamente comete na sua tentativa de tratamento da sua
limitação comportamental.
É com esta história que Michael
Cristofer, ator e escritor galardoado com o prémio Pulitzer, ensaia o seu
segundo trabalho de realização depois do longínquo “Pecado Original” em 2001,
podendo comprovar-se que não atingiu grande evolução. Agora, para apimentar a
história inclui ainda uma Andrea (Ana de Armas) num papel de femme fatale inserida à pressão num
envolvimento misterioso que faz Bart temer pela sua vida e sobressaltar a sua
rotina controlada quando ela lhe envia olhares e estímulos que ele não sabe
como gerir, mas que recebe com esperança de ter chegado a sua altura de
construir uma vida dita normal, para os parâmetros de um deficiente de Asperger.
Ana de Armas continua
impressionante como sempre e tem tido a sorte de desenvolver personagens
adequados à sua habilidade de atuação que lhe assentam como uma luva e fazem
Bart persegui-la em grande parte do filme onde esperamos uma surpresa, um
twist, para lá das promessas não cumpridas que vemos ela fazer-lhe.
Á semelhança de outros
filmes que combinam suspense e acção com
voyeurismo, este também pretende
trilhar esse caminho, embora por motivos menos sombrios e com um argumento
sinuoso, por vezes mal concebido, só resgatado aqui e ali pelas interpretações
dos atores bastante assistíveis mas rapidamente esquecíveis. No final temos uma
história muito simples que só vale pela interpretação dos seus personagens.
Classificação: 4,5 numa
escala de 10
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