Sinopse
No
mundo deslumbrante de Los Angeles, Grace Davis (Tracee Ellis Ross), é uma diva com
talento e ego imensuráveis.
Maggie (Dakota Johnson) é a
sua assistente pessoal, sobrecarregada de trabalho, mas que não desiste do seu
sonho de infância de se tornar produtora musical. Quando o manager de Grace, Jack (Ice Cube), lhe apresenta uma proposta que
pode colocar um ponto final na sua carreira, Maggie e Grace elaboram um plano
para reinventar as suas vidas...
Opinião
por Artur Neves
Há vários filmes sobre os
bastidores do mundo do “show bis”
sendo o último que mais deu nas vistas por merecer um prémio da academia
americana, o remake de “A Star is
Born” em 2018 “Assim nasce uma Estrela”, em que Lady Gaga e Bradley Cooper
deram corpo a um tórrido romance dentro e fora do ecrã cujos ecos ainda não se
apagaram de todo. É um verdadeiro filme de multidões muito menos autêntico do mundo
real por detrás do espectáculo que este nos mostra, destacando a voz poderosa
de Tracee Ellis Ross (filha de Diana Ross) e recuperando Dakota Johnson, (filha
de Don Johnson) cujo talento está muito para lá do que “As Cinquenta Sombras de
Gray” e seus derivados, poderiam revelar e isso pode também apreciar-se neste
personagem omnipresente de Maggie.
Grace Davis é a grande diva
que no auge do seu sucesso sabe que está a atingir o ponto de inflexão da
carreira de superstar na medida em que depende dos êxitos antigos que constituíram
hits no seu percurso. Grace sabe isso
e Jack, o seu manager, também sabe
que a seguir virá o declínio igualmente nocivo para ambos pela redução do cash flow correspondente à diminuição
dos contratos e à grandeza dos espectáculos futuros pelo que lhe propõe o
princípio do fim com a segurança de um contrato fixo num casino de Vegas onde
só terá de atuar alguns dias por semana dentro de um programa previamente
estabelecido.
O caminho não é fácil, nem
existem atalhos para se cumprir o sonho. Maggie trabalha para uma diva egoísta,
que ocupa o topo como se este lhe pertencesse por direito. Jake também sente a
encruzilhada, entre continuar com a rotina de um trabalho que já conhece ou
sair da sua zona de conforto para tentar algo novo.
Neste seu plano Jack
esquece-se de Maggie que tem planos pessoais e agenda própria para se tornar
num produtor musical e potenciar o talento emergente de David Cliff (Kelvin
Harrison Jr.) com quem ela mantém um romance em início e um amor que crescerá
na direta medida das suas capacidades de futuro. E é aqui que este filme se
distingue consideravelmente de “Assim nasce uma Estrela”. Neste mundo musical
anda tudo ligado; carreira, afetos, dinheiro, futuro e só se conseguem
conciliar objetivos, com planos cheios de vontade, capacidade de lutar e
inspiração. Os outros nem sempre são os melhores parceiros quando a experiência
é escassa o os conselhos são para desistir. É a altura de excelência para
acreditar.
É aqui que esta história de Flora
Greeson, realizada por Nisha Ganatra realizadora canadiana descola do romance
fácil e da lamecha e o filme torna-se na história de Maggie, impulsionando o
aparecimento dos produtores musicais que faltam ao negócio não escondendo que
as relações românticas entre o produtor e o artista que este está produzindo,
ao invés de facilitarem o êxito, podem transformar-se em embaraços que conduzem
a prejuízos não só financeiros como emocionais. Neste ponto o filme não ilude
nem mente.
“A Nota Perfeita” conta uma história original
sobre os bastidores e o funcionamento do negócio da música e tem ainda a
vantagem de nos elucidar com pormenores sobre Beach Boys, Stevie Nicks, Bruce
Springsteen e outros, com reflexões sobre as carreiras e os percursos artísticos
destes nomes famosos enquanto nos delicia ao som dos seus maiores êxitos,
tornando-se uma história sobre música, amor e amizade constituindo a fuga perfeita
ao mundo real do vírus e dos riscos da pandemia que nos assola. Se o leitor é
versado em temas musicais vai ficar algum tempo a lembrar-se destas músicas,
para lá da excelente voz de Tracee Ellis Ross que eu nem conhecia, por defeito
próprio, obviamente. Recomendo.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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