Sinopse
Após 5 anos de casamento,
Ben (Arnaud Ducret) continua apaixonado pela mulher. Até o dia em que descobre,
em público, que a mulher anda a traí-lo: além de humilhado, é descartado!
Totalmente desanimado e evitado pelos amigos, Ben luta para não soçobrar, até
que um dia se cruza com um antigo amigo, Patrick (François-Xavier Demaison) que
também está divorciado e lhe propõe que vá viver para sua casa. Ao contrário de
Ben, Patrick pretende tirar proveito do celibato recuperado e de todos os
prazeres a que renunciou durante o casamento. Aos dois amigos depressa se
juntam outros divorciados (Audrey Fleurot, Michaël Youn ...) e os foliões
quarentões redigem as primeiras regras do "Clube dos Divorciados",
sendo que a primeira delas é viver em permanente FESTA.
Opinião
por Artur Neves
O cinema francês sempre se
socorreu de particularidades identitárias nas abordagens temáticas que se
caraterizam pela simplificação, por vezes espetacular, com que aborda temas
sérios que destroem a estabilidade emocional das pessoas envolvidas, que neste
caso se reporta ao divórcio e às estratégias utilizadas para ultrapassar as
sequelas emergentes.
É o caso desta história em
que Ben é confrontado em público, com a traição da sua mulher em presença de
amigos e desconhecidos que entre graçolas, desculpas piedosas, e censuras,
estigmatizam-no com o ónus do deixado, do abandonado, do preterido por incompetência
inerente no cumprimento das suas atribuições.
Numa abordagem real, isto
pode ser um trauma dificilmente ultrapassável, no “Clube do Divorciados” é
apenas o motivo justificativo para a desbunda, para dar a volta, para a recuperação
completa do trauma, que assim se ultrapassa, sem drama nem trauma, nem sequelas
de baixa auto estima, considerando que a solução encontrada é fazer tudo o que
apetece, sempre que apetece, com quem apetece e está para aí virado(a).
A ideia inicial do filme
fundamenta-se num caso próximo de Michaël Youn, (que interpreta na história o
personagem de Tiiti) um realizador Francês que já conta com duas comédias de êxito
no seu CV, que se passou na vida pessoal do produtor Clément Miserez num caso
de separação conjugal, que para lá da dor sentimental lhe permitiu viver
algumas situações anedóticas sobre o assunto, através dos cruzamentos que a situação
teceu. Daí até ao argumento desta comédia, passaram três anos a lamber feridas
e a organizar todo o elenco que de preferência deveria ter alguma “experiência”
no tema.
O cinema á francesa é isto
mesmo, começar com um drama e através da farsa e da comédia recuperar as
motivações profundas do amor que se atenuam com do passar do tempo e permitem inserir
a amizade e a ideia de perdão, compreensão, companheirismo especialmente quando
há filhos partilhados completamente inocentes relativamente ao turbilhão onde caíram.
Tornar o filho do casal interesseiro e ardiloso, quase déspota, já faz parte
das múltiplas direções que a comédia pode adquirir.
A principal direção é
contudo o regozijo em ser celibatário, estar só, não ter ninguém a criticá-lo,
poder ficar duas horas na casa de banho a fazer o que quiser, jogar por
exemplo, sem qualquer constrangimento de ainda não ter ido comprar o pão para o
pequeno almoço. Estabelecer compromissos a qualquer hora e simplesmente
divertir-se sem remorso.
E assim o filme flui durante
108 minutos intercalando cenas de verdadeira anedota e outros mais explosivos
do ponto de vista comportamental e musical mas que ainda assim se aceitam pela
multiplicidade de personagens que se incluem naquela casa de celibatários
masculinos e femininos, todos à procura do berço de onde caíram, porque a principal
cauda do divórcio é… sempre… o casamento!... essa instituição social cuja
principal utilidade consiste em reduzir o número de declarações IRS entregues anualmente.
Uma história engraçada, algo
espalhafatosa por vezes, que nos diverte e surpreende, em exibição nos cinemas
NOS a partir de 23 de Julho.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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