Sinopse
Dois
pequenos criminosos, Kyle (Liam Hemsworth) e Swin, vivem às ordens de um chefe
do crime chamado Frog (Vince Vaughn), que nunca conheceram. Mas quando uma
transação corre pessimamente, consequências assustadoras abalam subitamente a
vida rotineira da dupla. Vender produtos ilícitos é um negócio arriscado e
duvidoso, sem margem para segundas oportunidades.
Não há certo nem errado.
Eles têm de ser eliminados.
Opinião
por Artur Neves
Adaptado do romance de 2008;
“Arkansas” de John Brandon, uma história sombria e cómica sobre um par de
traficantes de droga, algures no sudoeste rural dos USA, Clark Duke
apresenta-nos uma história bem construída, ao estilo dos irmãos Coen, Scorcese,
ou mesmo Tarantino com menos exuberância, sobre Kyle e Swin (o próprio
realizador) que estabelecem um negócio de tráfico sem conhecerem o seu fornecedor
e patrão, nem a rede em que estão inseridos, que ilustra a paisagem
monocromática do sudoeste americano, bem como, a apática mentalidade dos seus
personagens, cujo comportamento inclui atitudes amargamente engraçadas num western dos dias de hoje.
Originalmente programado
para estrear no festival SXSW de 2020, este filme sofreu um sério revés na sua
programação devido ao surto pandémico que ainda vivemos, tendo ido diretamente para
as plataformas de streaming que lhe
deram um tratamento indiferenciado, que não teria acontecido noutras circunstâncias.
Este filme é pois um
thriller satírico que junta habilmente a atividade clandestina do tráfico de
drogas com a tragicomédia da vida de dois traficantes, “parceiros de trabalho”
mas nunca verdadeiros amigos ou sequer simpáticos entre si no trato recíproco,
que se encontram acidentalmente por encontro marcado por outrem e têm de
cumprir escrupulosamente o programa de distribuição estabelecido por alguém que
desconhecem de todo e coletar os proventos da venda para o entregarem em data,
modo e lugar determinados.
Kyle, todavia é mais
presente, e nos seus silêncios, frequentes e duradouros em que junta os dados das
observações que recolhe aqui e ali, forma com eles um possível esquema da
organização que contudo não é partilhada por Swin que apenas quer usufruir da
sua percentagem e viver sem preocupações o tempo que lhe sobra.
Para complicar a história,
Swin enreda-se num caso amoroso com uma habitante local, que constitui uma principal
violação ao contrato estabelecido por Frog (Vince Vaughn), o patrão desconhecido,
que entende aquela atitude como um atentado á sua soberania e uma ameaça ao seu
império de distribuição de droga que ele imediatamente se preocupa em eliminar,
ou pelo menos em neutralizar. Eles não o conhecem, mas Frog vigia-os e segue-lhes
todos os movimentos. Aqui o filme introduz outros personagens e desvenda ligações
e intrigas do passado que relançam a história noutros contornos bem arrojados
para este realizador que pela primeira vez leva a cabo uma história que não vive
do histrionismo dos seus personagens, como nas suas realizações anteriores.
Todos os personagens
interagem estre si nesta história como é óbvio, mas cada um tem o seu mundo
particular desligado de todos os outros em que, embora assumindo esse “desligamento”
criam um conjunto heterogéneo de comportamentos e atitudes que preenchem o
ambiente do local, caraterístico do mundo rural dos USA que é memorável e
recorda-nos o tipo dos eleitores que escolheram Trump.
À maneira de Tarantino “Arkansas”
é dividido em cinco atos onde se manipulam e exibem as particularidades dos
seus personagens e dos tempos a que se referem, conjugando os eventos da
história sobre, enganos, identidades equivocadas e assassinato que nos prendem
e motivam atenção durante os seus 117 minutos de duração. Tem ainda a
capacidade de sugerir ao espectador um caminho óbvio de sequência, mas nada
mais falso, as sucessivas reviravoltas sinistras depressa nos aconselham a
apenas ver e fruir. Interessante.
Classificação: 6,5 numa
escala de 10
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