31 de maio de 2020

Opinião – “Presságio” de Alejandro Montiel


Sinopse

Nesta prequela de "Perdida" de 2018, a agente Pipa não só tem em mãos o seu primeiro caso policial importante, como também investiga o seu superior, que é suspeito num homicídio.

Opinião por Artur Neves

“Perdida” é um filme dramático argentino deste mesmo realizador, baseado no romance “Cornélia” da jornalista também argentina; Florence Etcheves onde aparece o personagem de “Pipa”, Pelari (Luisana Lopilato), uma agente de polícia que neste filme ocupa a categoria de estagiária, embora se deva a ela a solução do enredo criminoso que dá suporte à história.
No original, este filme designa-se por “Intuition” (Intuição) muito embora a história que nos conta só muito remotamente seja atribuível à perceção instintiva sem razão objetiva, que está na base das deduções por intuição, mas a Netflix é que sabe e na sua distributiva operação pelo maior número de países do mundo, encaixa no seu cartaz este “conjunto de episódios” de séries policiais, costurando-os numa narrativa sequencial que pretende ser um filme e não a manta de retalhos que me pareceu, nesta estreia em 28 de maio.
O filme começa num prólogo, á boa maneira dos filmes de super heróis, em que Francisco Juanez (Joaquín Furriel) o detetive responsável pelo caso do desaparecimento em série de meninas está conduzindo os seus colegas floresta a dentro até ao covil do presumível sequestrador, embora contra as sugestões dos seus mais diretos colaboradores, ao que Juanez responde com a sua indefetível “premonição” de que se encontra no bom caminho da detenção do criminoso e do resgate da ultima vítima em cativeiro.
Ainda o fumo dos efeitos especiais (que simulava o nevoeiro húmido da floresta onde entraram) não se tinha totalmente dissipado e já Juanez está incumbido do próximo caso que envolve o assassinato de uma moça, para o qual ele recebe como ajudante a jovem detetive “Pipa” que não mais deixaremos de ver a partir daqui.
O que Juanez não sabe, (nem intui) é que ela foi incumbida de investigar secretamente a eventual participação de Juanez no acidente rodoviário que vitimou mortalmente um jovem que pertencia a uma família de ciganos comerciantes de acessórios de automóvel que foram responsáveis pela morte da mulher de Juanez.
Ao longo dos 116 minutos de duração do videograma acompanhamos a evolução das investigações, saltando de uma para outra fazendo crescer todas quase em simultâneo com “Pipa”, inicialmente muito desconfiada do seu parceiro e chefe de investigação e aos poucos amolecendo a sua atitude decorrendo dos factos que vão sendo descobertos, até ao ponto de passar uma noite com ele, por motivos exclusivamente profissionais… claro…
Aqui chegados só me apetece citar; “… não havia necessidade…” de juntar tantos clichés e lugares comuns num argumento de pacotilha, que embora reúna algumas cenas de interesse não possui qualquer originalidade nem a garra necessária que permita tornar o personagem de Juanez num investigador credível e a história, num todo coerente.
Juanez e “Pipa” são uma dupla que deveria constituir uma relação de “professor e aluna” mas que devido à investigação subterrânea de “Pipa” mais parece um jogo de gato e rato que para se manter têm de se gerar muitos hiatos de colaboração e de movimentações na ação que se torna algo penoso durante todo aquele tempo em que começamos a perguntar como é que aquilo acabará, sabendo-se antecipadamente que só pode acabar bem para que possa existir uma sequela. Poucochinho!...

Classificação: 4 numa escala de 10

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