29 de abril de 2020

Opinião – “Extraction” de Sam Hargrave


Sinopse

Tyler Rake (Chris Hemsworth) é um destemido mercenário do mercado negro, sem nada a perder, quando suas habilidades são solicitadas para resgatar o filho sequestrado de um lorde internacional do crime, preso. Mas no submundo sombrio dos traficantes de armas e traficantes de drogas, uma missão já de si mortal aproxima-se do impossível, alterando para sempre as vidas de Rake e do garoto.

Opinião por Artur Neves

Com indicação do título em português de; “Operação de Resgate” este filme disponível na plataforma Netflix conta a história do recrutamento de um mercenário Tyler Rake (Chris Hemsworth) para uma operação de recuperação de alto risco, do filho Ovi (Rudhraksh Jaiswal) de um barão da droga do Bangladesh, entretanto preso, por um grupo rival a operar na mesma área a fim de obter um resgate. Trata-se portanto de um filme de ação, com muitos tiros e combates corpo a corpo, muito embora também possua outros espetos que vou mencionar.
Tyler tem um grupo de apoio, que prepara antecipadamente o assalto e a subsequente extração do rapaz sequestrado e dele próprio, mas as coisa não correm tal como planeado e isso confere tempo de convívio entre Tyler e Ovi, um jovem ator de Mumbai que apresenta um bom desempenho durante todo o filme, dando vida a um personagem infantil, mas com capacidade de observação e teorização da sua situação. A sua expressão de surpresa pelo que lhe está a acontecer, os olhos esbugalhados, a pele morena sempre suada com postura retraída pelo medo, confere ao personagem verossemelhança que se vê e se acredita.
Entre os dois desenvolve-se uma química de confiança que faz Ovi teorizar que se assemelha a um pacote, que se sente mais como coisa do que como pessoa, decorrente de estar a ser disputado pelo seu salvador como a justificação de um pagamento (que não se realizou, mas que ele ainda não sabe) e dos inimigos do seu pai como moeda de troca para aumentarem a sua área de intervenção de distribuição de droga, para alimentarem uma sociedade faminta, onde não falta dinheiro para a satisfação dos seus vícios.
As cenas de luta são bem arquitetadas, combinando talento técnico com boa coreografia que embora rocem os limites do provável ainda se aceitam em certos meios como o Bangladesh. Para conferir mais realismo muitos dos diálogos são em Hindi e Bengali, com atores de Bollywood o que transporta o vulgar thriller americano para um ambiente mais exótico e menos visto noutros filmes do mesmo género.
Depois, não existe propriamente um herói na história, porque Tyler é um profissional desencantado com a sua atividade e que sofre os seus achaques tomando analgésicos com whisky, censurando-se por vezes e resmungando noutras contra as tarefas que lhe cabem, sempre complicadas e dolorosas, mostrando uma tendência da equipa de realização no sentido da humanização do personagem, em detrimento da pura exibição dos dotes físicos e atléticos. Tyler é um trabalhador contratado que trabalha em equipa e estabelece ligações exógenas com o objeto do seu trabalho. A sua equipa é solidária e todos preocupam-se com todos, com inteligência e dedicação.
O caos que nos é mostrado no desenvolvimento da ação, justifica a falência do objetivo de extração de Ovi e nos mostra um mercenário desgastado pela dureza da missão, uma criança assustada, embora consciente da sua posição, onde Tyler projeta a memória trágica do seu próprio filho. O plano de resgate corre mal e urge escapar de uma situação infernal, que lhe provocaram feridas graves e acenderam feridas emocionais que o tempo ainda não tinha sarado.
Embora com doses de violência de dimensão apreciável, é uma história com conteúdo que a torna visível, está disponível na plataforma Netflix desde 24 de Abril.

Classificação: 7 numa escala de 10

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