Sinopse
Cloud Atlas explora como as
ações e as consequências das vidas individuais se afetam mutuamente no passado,
no presente e no futuro. Ação, mistério e romance se entrelaçam dramaticamente
ao longo da história, à medida que uma alma é transformada em assassina em
herói e um único ato de bondade ondula ao longo dos séculos para inspirar uma
revolução no futuro distante. Cada membro do conjunto aparece em vários papéis
à medida que as histórias se movem no tempo.
Opinião
por Artur Neves
Numa altura de endurecimento
das medidas restritivas de movimentação e de insistente recomendação de permanência
em casa recomendo um filme que areja a imaginação e nos justifica a permanência
em casa por 172 minutos. É um filme de grande orçamento, US$ 100 milhões, já
raro em Hollywood, mas que ainda assim foi coberto pela receita, tendo dado
lucro aos produtores.
Cloud Atlas, estreado em
2012 é baseado no romance de David Mitchell com o mesmo nome e reuniu várias
nomeações para prémios literários, não sem que o seu autor fosse acusado de ambição
desmedida para o fim a que se propunha, abordando um tema entre o místico e o
científico, muito embora a ciência nunca tenha apresentado dados, nem teses concretas
sobre a reencarnação da espécie ao longo dos tempos.
O filme não vai tão longe e
ainda bem. Tom Tykwer e as irmãs Wachowski que são também os autores do
argumento pegaram nas seis histórias descritas no livro entre os anos de 1849 e
2321 e entreteceram eventos demarcados no tempo com personagens que se ligam
por uma marca de nascença em forma de cometa que os vincula a uma referência
originária, perene e continuadora de comportamentos pré estabelecidos, por uma
genealogia ancestral que se renova sucessivamente.
Os eventos que compõem cada
história estão remotamente relacionados e resultam muito bem em cinema pela explosão
de cores e cenários que apresentam, numa imagem bem conseguida que nos
transporta do sublime ao ridículo e nos prende durante todo o tempo.
O elenco é liderado por Tom
Hanks e Halle Berry, coadjuvado por outros atores de primeira grandeza e por um
número significativo de bandas britânicas da época que corporizam personagens
que ao longo de cada segmento do filme enfatizam o tema da reencarnação e a
repetição dos ciclos de vida com uma finalidade comum em cada época em que são
retratados.
Não é um filme que se possa
contar, ou onde se possa destacar um resumo lógico, porque a interpretação de
cada imagem é propriedade de quem a vê, mas no seu todo, mostra ação, romance, investigação
filosófica, cenas ridículas com sotaques tolos que macaqueiam personalidades burlescas
em atitudes reais, numa vertigem sequencial que pretende confundir o espectador
até o levar com ele embora sem saber bem porquê.
Pode dizer-se que é um filme
indisciplinado e louco, o que todavia não constitui qualquer obstáculo para um
filme épico que passa por exemplo, de uma comédia contundente num lar de idosos
em Inglaterra para uma corrida de carros voadores na Coreia, ou que apresenta
um assassino loiro quase branco, uma histriónica enfermeira de seios enormes
segundo o modelo dos Supertramp em Breakfast in América ou o mais improvável
maestro nazi.
Há reclamações de que o
filme é confuso e em boa verdade não posso deixar de concordar, contudo afirmo
não ser pior do que alguns, muitos, episódios da série “Game of Thrones” que tanto
sucesso teve e analisando o seu conceito macro percebe-se que cada história,
com o seu enredo próprio, consegue ligar-se ao longo dos tempos em que decorre
sendo isso o elemento determinante do seu interesse e importância.
Está disponível amanhã, 4 de
abril, pelas 21h30’ no canal NOS Stúdio, ou em qualquer altura se tiver
possibilidade de “viajar no tempo”, ou então no canal Neteflix. De qualquer modo
prometo que não se vai arrepender.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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