Sinopse
Para renovar os votos de
casamento, um polícia de Nova Iorque e sua esposa embarcam numa viagem para a
Europa. Durante o voo, eles conhecem um homem misterioso que os convida para
passar o fim de semana no iate do bilionário Malcolm Quince. Contudo, quando o
mesmo é encontrado morto, o casal americano torna-se o principal suspeito do
crime. Juntos, eles tentarão a todo custo investigar o caso e provar sua
inocência.
Opinião
por Artur Neves
Numa altura em que o tempo e
a vida se esvaem sem utilidade nem préstimo, neste confinamento domiciliário
obrigatório embora prudente, seria bom conseguir parar o cérebro e para ajudar
a esse objetivo nada melhor do que uma comédia de mistério e romance com um
ator (Adan Sandler) que se reinventou nesse extraordinário filme, também já
comentado neste blogue; “Diamante Bruto” para a mesma produtora, Netflix, que
nos traz a presente proposta.
Trata-se de uma história
policial na linha dos contos de Agatha Christie com o seu Poirot de pacotilha na
figura de Nick Spitz (Adam Sandler) com todos os ingredientes do género incluindo
a sábia exibição da dedução do crime perante todos os suspeitos do costume reunidos
em plácida e atenta audição, bem como o responsável da polícia local, Inspetor
de la Croix (Dany Boon) incluído na contemplativa assistência.
Só que nenhum dos
personagens corresponde ao figurino da mestra, Nick e sua esposa Audrey Spitz (Jennifer
Aniston) que até já foram casados na vida real, estão a bordo do iate do
magnata Malcolm Quince (Terence Stamp) sempre sério e respeitável como o
conhecemos, por razões avulsas e casuais, constituindo a categoria de “penetras”
numa reunião familiar com a qual não têm relação alguma e assistem ao
assassinato de Quince, em plena cerimónia de anúncio do casamento deste com
Suzi
Nakamura (Shioli Kutsuna) ex-namorada de Charles Cavendish (Luke Evans) e da
comunicação da alteração do testamento, inicialmente distributivo pelos
presentes a agora destinado a uma única pessoa.
Nestas condições o casal
Spitz torna-se o alvo preferencial de incriminação pelo assassino e já que a
polícia é incapaz de deslindar o enredo por de traz do crime, caberá a eles
defenderem-se provando a sua inocência através da descoberta do verdadeiro
culpado.
É a partir daqui que a paródia
se desenrola, com fugas mirabolantes, assassinatos de outros intervenientes, perseguições
de carros nas ruas estreitas do Mónaco ao melhor nível de James Bond, com o casal
Spitz no centro das operações, ele como candidato chumbado no exame a detetive e
literalmente sem pontaria na utilização de armas de fogo e ela, cabeleireira de
profissão, mas arguta no raciocínio de investigação e líder da “equipa” assim
formada, que tem de descobrir os culpados.
O argumento é simples e o
realizador Kyle Newacheck aposta forte na capacidade interpretativa dos seus
personagens, criando condições que nos fazem pensar que todos são culpados, e
de facto são, se nos deixarmos arrastar pela vertigem dos gags mais ou menos comuns de um grupo bem disposto que só nos quer
animar. Aniston e Sandler mostram suficiente amizade depois do divórcio que
podemos ainda vislumbrar alguma química entre eles e ela dedicou-se de tal modo
ao personagem que o faz brilhar uns “furos” acima do de Sandler, justificando a
sua escolha.
Nesta altura, a carreira de
Adan Samdler ainda está congelada nas travessuras avulsas que é comum ele
mostrar nos filmes que fez até aqui. A tentativa de ser o maior e o mais
corajoso, a indumentária escolhida para um jantar de cerimónia, o cartão prenda
de US $50 que ele comprou para oferecer a Audrey no aniversário dos seus 10
anos de casamento.
É um filme para ver e
esquecer, tal como o tempo que vivemos é igualmente para esquecer, vale
enquanto dura e se durante esse tempo nos conseguirmos alhear dos problemas que
nos cercam, vale completamente a classificação que lhe atribuo a seguir.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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