Sinopse
Depois de uma missão
religiosa na China, Roy (Woody Harrelson) e Jessie (Emily Mortimer) decidem
fazer a viagem de regresso no célebre Expresso Transiberiano, passando por
Moscovo. Durante o longo percurso de seis dias, travam conhecimento com Carlos
e Abby, um estranho casal. Apesar de parecerem dois turistas como quaisquer
outros, cedo revelam não ser o que aparentam. Mas quando dois detectives russos
entram no comboio, Jessie compreende que algo terrível vai acontecer. Ela e Roy
acabam por tornar-se alvos de uma investigação, comandada por um ex-detective
do KGB (Ben Kingsley), e que envolve tráfico de drogas.
Opinião
por Artur Neves
Proponho hoje a revisitação
de um filme que foi estreado em Portugal em Julho de 2009 e que pode ser visto
amanhã, dia 27 de Março no canal NOS – Studio às 01h:55’ ou à hora que mais lhe
convier desde que possa “viajar no tempo” e assistir ao filme em diferido,
durante uma semana a contar da data de projeção. Outra opção é encomendar o DVD
na Fnac por €5, ou adquirir o Blu-Ray na Amazon por €6. Apesar de se tratar de
um filme com 11 anos ainda é agradável e emocionante de assistir.
A história decorre numa
viagem do comboio Transiberiano, que liga Pequim a Moscovo através das paisagens
geladas da Sibéria acompanhando a viagem de uma casal americano jovem; Roy (Woody
Harrelson, quando ainda interpretava personagens de jovem inconsciente) e
Jessie que travam conhecimento com outro casal jovem, mas não inconsciente como
eles; Carlos (Eduardo Noriega) e Abby (Kate Mara) e se envolvem numa relação de
proximidade que posteriormente se revela comprometedora.
Roy e Jessi regressam de uma
missão de caridade na China organizada pela sua igreja e utilizam aquele meio de
transporte por uma questão de aventura, recusando o voo que lhes estava
destinado. Vamos posteriormente descobrindo que a relação entre os dois
resultou de um desastre provocado por álcool e droga e que ambos se ampararam entre
si na recuperação. São dois seres em expiação de culpas passadas.
Carlos e Abby, pelo
contrário são dois mochileiros que viajam por vocação à procura do seu lugar no
mundo não rejeitando tarefas ilegais que lhe possam render dinheiro fácil. Todavia,
Carlos procura deliberadamente o sucesso a qualquer preço, enquanto Abby apenas
pretende conseguir resgatar o seu paraíso idílico, numa postura diferente da do
seu companheiro.
A história complica-se
quando Roy conhece Grinko (Ben Kingsley), um inspetor Russo do departamento de
narcóticos que nunca mais o larga e se esforça por lhe tentar ensinar Russo em
todas as situações e se insinua na vida do casal sem uma razão explicita que a
suporte. Adicionado a isto, os colegas de de Grinko na investigação não aparentam
a condição de polícias, sendo desculpados por este com respostas evasivas. Apenas
a insistência de Grinko na envolvência com o casal provoca a subida de tensão nos
diálogos e nas cenas.
Aqui chegados, temos o
quadro completo do “suspense hitchcockiano", um meio confinado ao comboio
em movimento, um número de personagens restrito e já conhecido, embora não completamente
definido, e uma história que começa a revelar as suas mutações com todos os
personagens a terem alguma coisa para esconder para conseguirem manter as premissas
anteriormente assumidas. Em cada quadro do enredo, em cada insistência de
Grinko, em todas as aproximações de Grinko ao casal Roy e Jessi pode sentir-se
a presença velada do mestre do suspense e da emoção crescente.
O deserto árido e gelado da
Sibéria reforça o isolamento dos personagens e constitui o elemento estático da
tensão e da insegurança que o realizador Brad Andersen constrói lentamente desde
as primeiras cenas, onde ninguém pode sentir-se seguro, porque a sugestão do
desastre é iminente, todavia, quando acontece não corresponde ao que se
esperava e isso é divertimento puro de cinema. Recomendo.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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