Sinopse
Kate
(Kristin Scott Thomas), é a mulher perfeita de um oficial, que suporta com
elegância e estoicismo uma vida de ansiedade e solidão, quando ele se encontra
ausente em missões militares.
Encontrando
liberdade em cantar, ela convence um grupo de mulheres da base a formar o Coro
de Mulheres de Militares.
Uma
das mulheres, Lisa (Sharon Horgan) – recém-chegada, rebelde, inconformada e
inicialmente cética pelo amadorismo do grupo, vê-se rapidamente convencida pela
amizade, humor e coragem do coro, assumindo com Kate a sua direção.
Na
busca de uma voz única, Kate, Lisa e o coro fazem frente às convenções e às suas
próprias diferenças pessoais.
Entoando
sucessos da pop e hinos do rock, este extraordinário grupo de mulheres acaba
por transformar um hobby num sucesso inesperado, a nível nacional.
Inspirado num fenómeno
global da vida real, “Mulheres de Armas” com as suas mulheres luminosas dão-nos
força a todos, para – unidos – superarmos os nossos medos.
Opinião
por Artur Neves
Esta história, é baseada em
factos reais como nos é mostrado no fim do filme, o conjunto de coros femininos
de esposas de militares em diferentes bases inglesas por todo o território da
Grã-Bretanha, onde mitigam os seus medos e angustias em conjunto, ocupando o
tempo em atividades de canto coral amador.
Só que, e ainda bem, a
história mostra muito para lá das atividades canoras das participantes, toda a envolvência
e relacionamento entre as esposas dos militares em que cada uma assume
implicitamente uma posição equivalente à patente do seu marido, muito embora o
seu estatuto oficial de esposa não lhe confira isso por direito.
Deste modo, mostram-se as
relações entre as pessoas quando submetidas a um convívio, se não forçado, pelo
menos fortemente condicionado pelas circunstancias da vida castrense e da
situação de missão no exterior dos seus cônjuges.
E aqui o filme destaca-se
pelos pormenores que frequentemente exibe sobre a censura velada que umas
exercem sobre outras, a crítica pelas atitudes e pelos conceitos que lhes
determinam o modo de estar em sociedade, muito focado no comportamento dos
filhos, na solidão do seu estado, no medo do telefone ou do aviso oficial do desastre
que temem em receber (nós sabemos que alguém vai morrer) vivendo um ambiente de
privação sexual que as constrange e lhes motiva múltiplas referencias mais ou menos
críticas à condição que envolve todas.
Neste caldo de relações
sociais existe sempre alguém que se destaca e nesta história é a “coronela” Kate
(Kristin Scott Thomas), fria, distante, convencionalmente organizada, mas
também muito magoada pela perda do filho em combate, à qual se opõe, Lisa
(Sharon Horgan) a “sargenta principal” truculenta, intuitiva, com propensão
para a bebida, com pouco gosto para a casa, intransigente para com a filha
adolescente e farta das repetidas ausências do marido, que protagoniza com Kate
o melhor e mais completo bate-boca sobre o casamento, o sexo e as atitudes
sociais que ele, ou a sua falta, provocam.
Depois claro, temos o coro,
o revivalismo de canções do imaginário inglês mais comum e conhecido, desde
Cyndi
Lauper aos cantores clássicos que serve também como confrontação entre duas
mulheres empenhadas em fazer acontecer coisas mas cada uma à sua maneira, do
seu jeito e segundo as suas premissas, uma com planeamento e organização e a
outra de forma mais casual e deixando as outras mulheres descobrirem as suas preferências
e o seu próprio caminho, separadas dos seus parceiros.
Por entre os risos e as
confrontações do grupo existe um drama latente, em suspenso em cada uma delas,
que se juntam para espantar os pensamentos mais sombrios e transformar a espera
no purgatório mais ameno que possam conseguir. É um filme de pormenores, de
retalhos de vida, de convívio comprometido, que forma um microcosmo
interessante para ser visto.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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