Sinopse
Baseado
no romance best-seller internacional de Jennifer Niven, “All The Bright Places”
conta a história de Violet Markey (Elle Fanning) e Theodore Finch (Justice
Smith), que se encontram e mudam a vida, um do outro para sempre.
Enquanto lutam com as
cicatrizes emocionais e físicas de seu passado, os dois adolescentes lidam com
problemas pessoais e criam uma forte ligação, enquanto embarcam numa viagem
para documentar os locais mais deslumbrantes do estado de Indiana.
Opinião
por Artur Neves
Este é mais um filme da
plataforma Netflix que está a introduzir alguma revolução no modo de ver cinema
e de encarar o próprio espetáculo em si mesmo. Se até agora o cinema de estreia
só estava acessível em sala dedicada, escura e com o ambiente adequado como
norma, com esta plataforma pode assistir-se aos mesmos conteúdos num pequeno
ecrã de 83” e 16x9, num pequeno tablet
ou smartphone apoiado no colo, ou
mesmo na velhinha televisão de tubo de raios catódicos se complementada por uma
TVBox equipada com saída AV.
Obviamente que em cada uma
das situações não temos a mesma experiência mas é o que o futuro nos trouxe e
significa uma evolução tecnológica que cabe a cada um decidir se adere, em
melhores ou piores condições, com incidência direta na sua carteira.
No caso presente a Netflix
renomeia este filme para Portugal como; “Fala-me de um Dia Perfeito” e trata-se
de uma história de amor romântico entre dois jovens perturbados
psicologicamente por eventos anteriores que vamos conhecendo ao longo da
história. Eles andam na mesma escola e só falam diretamente um com o outro
quando Finch encontra Violet sobre o parapeito de uma ponte com intenções de se
suicidar. A razão de Finch se encontrar naquele local, aquela hora, também não
é a melhor mas o facto de ter convencido Violet a voltar para um lugar seguro,
dá a ambos uma perspetiva renovada dos seus próprios problemas.
Finch é um aluno
problemático, frequentemente envolvido em lutas e disputas físicas com raiva
violenta que o tornam sinalizado para ser acompanhado num apoio psicológico
especializado que ele aceita com desinteresse e um largo sorriso de desafio. Violet
que já tinha sido uma borboleta social entre as suas colegas, estava agora
remetida ao mutismo de uma solidão autoimposta pelo remorso de culpa no
envolvimento da morte da irmã.
Brett Haley tenta assim uma
adaptação difícil do drama escrito por Jennifer Niven, envolvendo os dois candidatos
a apaixonados a sucessivas camadas de tristeza, suicídio (Finch autoflagela-se
em sucessivas tentativas de suspensão da respiração por longos momentos na
banheira e na piscina) e doença mental ao mesmo tempo que nos conduz ao
aparecimento do amor límpido entre dois jovens perturbados.
Os trabalhos escolares
motivam a insistência dele para que ambos constituam um grupo de trabalho,
contra a relutância dela em aceitar a proposta, porém, depois de ter aceitado a
sugestão, a recolha de dados implica a deslocação de ambos para diferentes locais
do estado de Indiana (“Todos os locais Brilhantes” na referencia original do
nome do filme) o que aumenta o conhecimento mútuo e constitui um objetivo real para
a vida, para lá de Violet se interessar por Finch e de se pretender constituir
como sua salvadora, como ele inicialmente fez com ela e ela não conseguiu ser
para a sua irmã falecida.
Assim, o realizador
apresenta-nos uma abordagem diferente ao comum amor jovem e romântico. Existem muitas
dificuldades de relacionamento entre ambos numa ligação de amor em que a inspiração
de morte está sempre presente. Os acontecimentos vão-se sucedendo e a relação
torna-se dúbia, colocando a história num patamar de mistura entre trevas e luz
a caminho do desequilíbrio, que não vou revelar para não estragar o interesse
do filme.
Tal como na vida real as
coisas podem ser muito desafiadoras ou desanimadoras e até totalmente desprovidas
de esperança, mas vale sempre a pena procurar os lugares claros nos tempos sombrios,
(no sentido original do título) ou procurar os momentos perfeitos nos dias
sombrios (no enfoque do título para Portugal) para permitir que alguém à nossa
volta se sinta menos isolado, e os 107 minutos de filme justificam essa
premissa.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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