Sinopse
William
Pitsenbarger (Jeremy Irvine) foi um herói da guerra do Vietname. Paramédico da
Força Aérea, salvou pessoalmente mais de 60 homens numa das batalhas mais
sangrentas daquele conflito. Tendo oportunidade de fugir do campo de batalha no
último helicóptero, Pitsenbarger ficou para salvar e defender os soldados
feridos, acabando por ser morto por uma bala inimiga. Pelos seus atos heroicos,
é proposto para a mais alta honra militar que um soldado pode alcançar - a
Medalha de Honra do Congresso. No entanto, antes de ser atribuída, a medalha é-lhe
retirada por razões indeterminadas.
Chamado
para investigar esta questão, o Inspetor Scott Huffman (Sebastian Stan) é
obrigado a investigar os obscuros e corruptos meandros políticos por detrás
dessa decisão.
Com um forte elenco onde se
destacam Samuel L. Jackson, William Hurt, Bradley Whitford, Ed Harris, Diane
Ladd, Sebastian Stan, Verdade Debaixo de Fogo é o último filme do ator Peter
Fonda.
Opinião
por Artur Neves
É curioso verificar como um
conflito dos anos 60 e 70 (começou em novembro de 1955 e terminou em abril de
1975) que marcou tão profundamente a sociedade americana desde 1964, ano em que
os USA aumentaram significativamente os efectivos no terreno e se envolveram
profundamente no conflito cujo resultado se cifrou em mais de 360 000 baixas
entre; mortos, feridos e desaparecidos em combate, ainda justifica abordagens
justiceiras para repor verdades históricas escondidas.
A história que este filme
nos traz, muito bem escrita e contada pelo realizador Todd Robinson
apresenta-nos a verdade sobre a morte em combate de William H. Pitsenbarger
cuja dedicação abnegada à sua missão de médico de resgate da força aérea, foi
responsável pela assistência de primeiros socorros a 60 soldados de infantaria,
que por um erro de informação de localização destes efectivos, resultou numa
das mais sangrentas e estúpidas batalhas desta guerra indefensável e
desnecessária na história dos USA.
Quando Scott Huffman foi
investido na tarefa de investigar o que realmente aconteceu e motivou o protelamento
de 32 anos na atribuição do mais alto galardão de mérito militar a Pitsenbarger,
estava longe de supor a grande injustiça que iria desvendar, perpetrada pela
mais alta hierarquia militar para esconder a culpa e a incompetência dos seus
atos na Operação Abilene, na primavera de 1966, responsável pela morte 36
soldados e 71 feridos. Todavia, a imputação de responsabilidade não é completa
nem detalhada.
Este filme de guerra insere-se
no género de “O Resgate do Soldado Ryan” de 1998 ou o mais recente “O Heroi de
Hacksaw Ridge” de 2016, onde se reportam atos heróicos debaixo de fogo,
esquecidos pela história, ou meramente apagados e escondidos, que se afirmam
como um dos capítulos mais significativos que emergiram da guerra do Vietname.
O argumento é inteligente,
porque alterna entre as descobertas de Scott Huffman no seguimento das
revelações que ele vai colhendo, e os flashbacks
com as cenas de batalha angustiantes e brutalmente intensas que ilustram os
factos que ele vai compilando no desenvolvimento da tarefa que lhe foi
confiada. Todos os outros personagens são bem conseguidos, com atores sólidos e
experientes que agrada ver em palco.
É também um filme de
encomenda onde se pretende reactivar o orgulho americano nas suas forças
armadas que não têm desenvolvido as melhores performances noutros conflitos mais
recentes onde têm estado envolvidas e o final é o que se esperava, em apoteose,
com todos em pé prestando a homenagem merecida ao herói reconhecido. Fazer desta
proposta um filme atraente para 116 minutos é difícil, mas não defrauda
totalmente quem o escolhe.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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