22 de fevereiro de 2020

Opinião – “Verdade Debaixo de Fogo” de Todd Robinson


Sinopse

William Pitsenbarger (Jeremy Irvine) foi um herói da guerra do Vietname. Paramédico da Força Aérea, salvou pessoalmente mais de 60 homens numa das batalhas mais sangrentas daquele conflito. Tendo oportunidade de fugir do campo de batalha no último helicóptero, Pitsenbarger ficou para salvar e defender os soldados feridos, acabando por ser morto por uma bala inimiga. Pelos seus atos heroicos, é proposto para a mais alta honra militar que um soldado pode alcançar - a Medalha de Honra do Congresso. No entanto, antes de ser atribuída, a medalha é-lhe retirada por razões indeterminadas.
Chamado para investigar esta questão, o Inspetor Scott Huffman (Sebastian Stan) é obrigado a investigar os obscuros e corruptos meandros políticos por detrás dessa decisão.
Com um forte elenco onde se destacam Samuel L. Jackson, William Hurt, Bradley Whitford, Ed Harris, Diane Ladd, Sebastian Stan, Verdade Debaixo de Fogo é o último filme do ator Peter Fonda.

Opinião por Artur Neves

É curioso verificar como um conflito dos anos 60 e 70 (começou em novembro de 1955 e terminou em abril de 1975) que marcou tão profundamente a sociedade americana desde 1964, ano em que os USA aumentaram significativamente os efectivos no terreno e se envolveram profundamente no conflito cujo resultado se cifrou em mais de 360 000 baixas entre; mortos, feridos e desaparecidos em combate, ainda justifica abordagens justiceiras para repor verdades históricas escondidas.
A história que este filme nos traz, muito bem escrita e contada pelo realizador Todd Robinson apresenta-nos a verdade sobre a morte em combate de William H. Pitsenbarger cuja dedicação abnegada à sua missão de médico de resgate da força aérea, foi responsável pela assistência de primeiros socorros a 60 soldados de infantaria, que por um erro de informação de localização destes efectivos, resultou numa das mais sangrentas e estúpidas batalhas desta guerra indefensável e desnecessária na história dos USA.
Quando Scott Huffman foi investido na tarefa de investigar o que realmente aconteceu e motivou o protelamento de 32 anos na atribuição do mais alto galardão de mérito militar a Pitsenbarger, estava longe de supor a grande injustiça que iria desvendar, perpetrada pela mais alta hierarquia militar para esconder a culpa e a incompetência dos seus atos na Operação Abilene, na primavera de 1966, responsável pela morte 36 soldados e 71 feridos. Todavia, a imputação de responsabilidade não é completa nem detalhada.
Este filme de guerra insere-se no género de “O Resgate do Soldado Ryan” de 1998 ou o mais recente “O Heroi de Hacksaw Ridge” de 2016, onde se reportam atos heróicos debaixo de fogo, esquecidos pela história, ou meramente apagados e escondidos, que se afirmam como um dos capítulos mais significativos que emergiram da guerra do Vietname.
O argumento é inteligente, porque alterna entre as descobertas de Scott Huffman no seguimento das revelações que ele vai colhendo, e os flashbacks com as cenas de batalha angustiantes e brutalmente intensas que ilustram os factos que ele vai compilando no desenvolvimento da tarefa que lhe foi confiada. Todos os outros personagens são bem conseguidos, com atores sólidos e experientes que agrada ver em palco.
É também um filme de encomenda onde se pretende reactivar o orgulho americano nas suas forças armadas que não têm desenvolvido as melhores performances noutros conflitos mais recentes onde têm estado envolvidas e o final é o que se esperava, em apoteose, com todos em pé prestando a homenagem merecida ao herói reconhecido. Fazer desta proposta um filme atraente para 116 minutos é difícil, mas não defrauda totalmente quem o escolhe.

Classificação: 6 numa escala de 10

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