Sinopse
FÁTIMA,
um filme que relata o poder da fé...
Em
1917,Lúcia, uma pastora de apenas 10 anos, e os seus dois primos mais novos,
Jacinta e Francisco, têm visões de Virgem Maria, que lhes surge com uma
mensagem de paz. As suas revelações inspiraram dezenas de milhares de fiéis que
se deslocaram até Fátima, na esperança de testemunhar um milagre, mas não
agradaram a Igreja e o Governo de Portugal, que tentaram forçá-los a recontar a
sua história.
O que se viveu em Fátima
mudou para sempre as suas vidas...
Opinião
por Artur Neves
Pode parecer estranho mas o
realizador Italiano Marco Pontecorvo apresenta-nos este filme que relata os
acontecimentos da aparição de Maria, aos jovens pastores; Lúcia (Stephanie Gil)
Jacinta (Alejandra Howard) e Francisco (Jorge Lamelas), vividos na Cova da Iria
em Março/Abril de 1917, durante o período da 1ª guerra mundial em que Portugal
foi representado como uma país pobre, com um povo generalizadamente inculto e a
braços com uma crise de fome real.
Como teve na sua origem a
intenção de distribuição internacional o filme é falado em inglês e legendado
em português como convém. Segundo o anúncio nas primeiras imagens o filme é
baseado nas revelações da irmã Lúcia que serviram de base para a história
escrita por Barbara Nicolosi.
O argumento é portanto
conhecido pela maioria dos portugueses, as aparições de Maria (Joana Ribeiro) aos
três pastores que são reveladas às famílias e por estas ao povo da aldeia e do
país (curiosamente, na altura, sem Internet nem meios de comunicação “decentes”
mas mesmo assim isso não impediu que a mensagem fosse amplamente divulgada) justificando
a peregrinação de uma multidão que se reuniu para assistir às aparições
anunciadas por Maria com hora e data marcadas.
O filme começa pela
entrevista do Professor Nichols (Harvey Keitel) à irmã Lúcia (Sónia Braga) já
adulta e em clausura, cujo diálogo é suficientemente assético para poder
dizer-se que o filme não é beato. Limita-se à representação dos factos, à
intervenção do “Father” Ferreira (Joaquim
de Almeida) o padre da aldeia que num primeiro tempo tenta que Lúcia se cale e
confesse que estava a mentir, bem como, Artur (Goran Visnjic) o mayor da aldeia que chega a mandar
fechar a igreja, seguindo ordens superiores de Lisboa, mas deixa ao espectador
o livre arbítrio de assumir que se está em presença de um ato divino só
acessível pela fé, de negar frontalmente o que lhe estão a apresentar se for
ateu, ou pura e simplesmente observar com o distanciamento do agnóstico, que
espera uma prova racional e objetiva para os acontecimentos em presença.
É pois um filme de
apresentação factual, segundo a descrição da irmã Lúcia, que analfabeta como era
na juventude não terá tido muita capacidade para os avaliar e descrever. Mostra
também o efeito do “sol a dançar” e de seguida alguém refere que o mesmo já
terá sido apreciado noutros locais, portanto milagres só para quem os quiser
aceitar como tal e isso será da sua inteira responsabilidade, o que eu reputo
de muito positivo pois é um elemento que poderia conduzir à transcendência fácil.
O filme foi rodado nas cenas
de aldeia, na Tapada de Mafra e as aparições, nos terrenos circundantes do
Santuário de Fátima, os cenários são convincentes, assim como o guarda roupa adequado
à época, mas decorrente do seu conteúdo já bem conhecido pela generalidade das pessoas
a história perde-se em surpresa, emoção e desfecho, por serem demasiado
esperados. É um déjà vu completo, sem
gerar polémica.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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