Sinopse
Jean
Seberg (Kristen Stewart) é já uma conhecida atriz e apoiante do movimento pelos
direitos civis, quando se envolve por Hakim Jamal (Anthony Mackie), um
carismático ativista do movimento Black Power, e o seu relacionamento
rapidamente passa de político para romântico. Esse envolvimento fazem dela um
alvo do FBI, e os agentes Jack Solomon (Jack O'Connell) e Carl Kowalski (Vince Vaughn)
tudo fazem para documentar esta relação.
Jack
torna-se obcecado e atraído pela presença luminosa de Jean, o que a leva a
perceber que está a ser seguida, tornando-se cada vez mais psicologicamente
instável.
Empenhados em desacreditar
Jean e o próprio movimento, o FBI lança informações escandalosas que dilaceram
a família de Jean e erguem uma barreira entre ela e as suas paixões.
Horrorizado com o impacto desta ação e envergonhado pela sua participação nela,
Jack embarca numa missão de salvação e redenção que o coloca por momentos em
contacto direto com Jean. Para ele, é simultaneamente um confronto com a sua
obsessão e um ponto de viragem moral. Para Jean, é a confirmação de que foi
vítima de um sistema corrupto e um reflexo do papel que desempenhou no seu
próprio desenlace.
Opinião
por Artur Neves
Com a extensa sinopse
anterior enviada pelo distribuidor, a história de Jean Dorothy Seberg fica
contada pelo que a seguir ficamos com a oportunidade de nos dedicarmos ao filme
que Benedict Andrews nos apresenta. Realizador australiano nascido em Adelaide em
1972, e educado no Flinders University na Austrália, que não conta no seu
histórico profissional com trabalhos de relevo, para o qual este biopic de Jean Seberg poderia ser a sua
rampa de lançamento.
Poderia, mas definitivamente
não é!... A história é boa, apresenta potencial de desenvolvimento noutras mãos
que lhe saibam conferir a denúncia pública de interferência abusiva da poderosa
organização de investigação americana, FBI, na vida particular e íntima de uma cidadã
americana cuja verdadeira culpa é o desejo de igualdade entre as pessoas
independentemente da sua cor de pele, contribuindo para essa causa com o seu
dinheiro e a sua pessoa, imbuída de um espírito de justiça ingénuo, impróprio
para a luta pelo poder, pensando que toda a sua vida pode continuar igual ao
que era, apesar de se ter apaixonado pelo líder da organização Black Power e de
permitir que a própria organização utilize as suas doações para fins diferentes
dos inicialmente anunciados; a educação de crianças e jovens com vista a um
mundo melhor (já nos cruzámos com isto tantas vezes!... que até doi…).
O que Benedict Andrews nos
mostra é uma narrativa sem alma, dececionante e baseada em clichés sobre a vida
da atriz, fantasiando a existência de um agente “bonzinho”, Jack Solomon, que
tem muita pena e sente-se muito mal com o que está fazendo sem contudo deixar
de continuar a praticar o mesmo registo e que num momento de remorso insuportável
subtrai clandestinamente o dossier da
atriz dos arquivos e leva-o para o mostrar a Jean Seberg numa atitude de
patético arrependimento que não contribui literalmente para nada, nem para a
justiça, nem para a condenação do Black Power, nem para a sua redenção ao
serviço da torcionária organização, nem para a sua própria vida pessoal, já
parcialmente desfeita com sua esposa Linette Solomon (Margaret Qualley) que
suspeita que ele tem um caso decorrente do seu mutismo, tristeza e abandono em
casa. Daqui, o sobre título do filme: “Contra todos os Inimigos”. Não há evidências
históricas sobre este personagem, nem tão pouco que o FBI tenha sido acometido
de alguma “dose de arrependimento” depois da sua intervenção.
Quanto aos outros
personagens, Benedict também não os trata bem, são figuras menores, mostrando
somente a sua relação com a atriz, sem “espessura”, sem a densidade dramática
que a luta contra a segregação nos USA sempre motivou. São pouco mais do que
folclóricos.
Salva-se Kristen Stewart que
apresenta um bom desempenho como Jean Seberg, não só constituindo uma escolha
feliz considerando as suas semelhanças físicas com a atriz, como mostrando que
ainda se está revelando e tem muito para dar. Depois da saga Twilight em três
partes que a projetou ao estrelato do público mais jovem e da sua boa prestação
em “A Vingança de Lizzie Borden” de 2018 (já comentada neste blogue) temos aqui
uma representação madura que só peca pelo que a narrativa não soube explorar,
para ela vai toda a classificação a seguir indicada.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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