16 de dezembro de 2019

Opinião – “Mais Um” de Jeff Chan, Andrew Rhymer


Sinopse

Já todos chegaram (ou vão chegar) a um ponto das suas vidas em que os seus amigos decidem casar-se, aparentemente todos ao mesmo tempo.
Para Alice (Maya Erskine) e Ben (Jack Quaid), essa hora chegou, só que eles ainda estão de parte, à espera da sua vez.
Alice acabou recentemente com o seu namorado de há sete anos.
Ben tem vivido grande parte da sua vida como um solteiro de relativo sucesso.
Para sobreviverem a um verão de febre dos casamentos, Ben e Alice, amigos de longa data, aceitam ir juntos a todos os malditos casamentos para os quais são convidados.

Opinião por Artur Neves

Normalmente não dou muita atenção a filmes românticos, perdoem-me pela minha franqueza, mas neste caso em que se fala abertamente de relacionamentos de diferentes tipos e com toda a normalidade, em que nos mostram a dificuldade transversal, de falar sobre os nossos sentimentos e de a esconder sobre um manto de sarcasmo em vez de lidar com ela, apresentando isso com graça, oportunidade, abertura mental e com uma sessão de sexo num cemitério, sou forçado a mudar de atitude e a apreciar condignamente a história.
Não se pode dizer que os casamentos tenham uma significativa aderência na juventude atual, muito embora já tenham tido piores dias. Por outro lado estão longe do tempo em que Hugh Grant, em “Quatro Casamentos e um Funeral” de 1994, proclamava numa cerimónia, com a solenidade britânica que lhe é peculiar; “Fico espantado e perplexo com quaisquer pessoas que assumam esse tipo de compromisso” referindo-se aos votos clássicos do casamento.
Ben e Alice são dois colegas de universidade que estão a ser convidados para uma maratona de casamentos de  colegas seus a que eles combinaram ir juntos. Não têm um caso, não namoram, apenas gostam da companhia um do outro e não têm problemas em conversar sobre qualquer tópico como fazer xixi no chuveiro, depilação com cera ou dar a utilização apropriada ao "boom shaka laka" como se fossem um casal.
Eles também entendem os detalhes que levaram muitos colegas à decisão do casamento e como tal concordam que essas uniões são parte de uma piada espirituosa, esclarecida, astutamente concebida, embora genuína, o que faz desse evento emocional uma mudança da vida de duas pessoas e como tal merece uma grande festa que reúna amigos, família e outros convidados que talvez nunca mais se vejam.
Para complicar ainda mais eles têm membros das suas próprias famílias, a irmã mais nova de Alice e o pai de Ben, que o convidou para padrinho, em vias de estabelecer novas famílias. A pressão é muita, mas reconhecer os seus sentimentos um pelo outro, entender como a vida, a loucura do dia a dia, o drama e o romance implícito em cada casamento, podem ser maravilhosos, sobretudo para duas pessoas que apreciam ir juntas a todos esses eventos. Claro que o desfecho é inevitável e conhecido, e aí, nesta como em outras comédias, não há surpresas.
Só que “Mais Um” foi dirigido por duas pessoas que apresentam uma nova perspetiva, criando entre os dois um ambiente sadio e engraçado, utilizando frases peculiares e assuntos debatidos sem compromisso nem convenções, ao ponto de se poder estar na cama, de “conchinha” sem que isso signifique mais do que o conforto e apoio da respetiva posição.
A narrativa por vezes descamba para os clichés do género, mas no seu todo é o que se pode considerar uma versão progressista da fórmula clássica da comédia romântica, com graça segura e piadas inteligentes que conseguem manter o espectador interessado durante toda a duração do filme. Interessante.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

Sem comentários: