Sinopse
Já todos
chegaram (ou vão chegar) a um ponto das suas vidas em que os seus amigos decidem
casar-se, aparentemente todos ao mesmo tempo.
Para Alice
(Maya Erskine) e Ben (Jack Quaid), essa hora chegou, só que eles ainda estão de
parte, à espera da sua vez.
Alice acabou
recentemente com o seu namorado de há sete anos.
Ben tem
vivido grande parte da sua vida como um solteiro de relativo sucesso.
Para sobreviverem a um verão de febre dos casamentos,
Ben e Alice, amigos de longa data, aceitam ir juntos a todos os malditos
casamentos para os quais são convidados.
Opinião
por Artur Neves
Normalmente não dou muita
atenção a filmes românticos, perdoem-me pela minha franqueza, mas neste caso em
que se fala abertamente de relacionamentos de diferentes tipos e com toda a
normalidade, em que nos mostram a dificuldade transversal, de falar sobre os
nossos sentimentos e de a esconder sobre um manto de sarcasmo em vez de lidar
com ela, apresentando isso com graça, oportunidade, abertura mental e com uma
sessão de sexo num cemitério, sou forçado a mudar de atitude e a apreciar
condignamente a história.
Não se pode dizer que os
casamentos tenham uma significativa aderência na juventude atual, muito embora
já tenham tido piores dias. Por outro lado estão longe do tempo em que Hugh
Grant, em “Quatro Casamentos e um Funeral” de 1994, proclamava numa cerimónia, com
a solenidade britânica que lhe é peculiar; “Fico espantado e perplexo com
quaisquer pessoas que assumam esse tipo de compromisso” referindo-se aos votos
clássicos do casamento.
Ben e Alice são dois colegas
de universidade que estão a ser convidados para uma maratona de casamentos de colegas seus a que eles combinaram ir juntos. Não têm um caso, não
namoram, apenas gostam da companhia um do outro e não têm problemas em
conversar sobre qualquer tópico como fazer xixi no chuveiro, depilação com cera
ou dar a utilização apropriada ao "boom
shaka laka" como se fossem um casal.
Eles também entendem os
detalhes que levaram muitos colegas à decisão do casamento e como tal concordam
que essas uniões são parte de uma piada espirituosa, esclarecida, astutamente
concebida, embora genuína, o que faz desse evento emocional uma mudança da vida
de duas pessoas e como tal merece uma grande festa que reúna amigos, família e
outros convidados que talvez nunca mais se vejam.
Para complicar ainda mais
eles têm membros das suas próprias famílias, a irmã mais nova de Alice e o pai
de Ben, que o convidou para padrinho, em vias de estabelecer novas famílias. A pressão
é muita, mas reconhecer os seus sentimentos um pelo outro, entender como a vida,
a loucura do dia a dia, o drama e o romance implícito em cada casamento, podem
ser maravilhosos, sobretudo para duas pessoas que apreciam ir juntas a todos
esses eventos. Claro que o desfecho é inevitável e conhecido, e aí, nesta como
em outras comédias, não há surpresas.
Só que “Mais Um” foi
dirigido por duas pessoas que apresentam uma nova perspetiva, criando entre os
dois um ambiente sadio e engraçado, utilizando frases peculiares e assuntos
debatidos sem compromisso nem convenções, ao ponto de se poder estar na cama, de
“conchinha” sem que isso signifique mais do que o conforto e apoio da respetiva
posição.
A narrativa por vezes
descamba para os clichés do género, mas no seu todo é o que se pode considerar
uma versão progressista da fórmula clássica da comédia romântica, com graça
segura e piadas inteligentes que conseguem manter o espectador interessado
durante toda a duração do filme. Interessante.
Classificação: 6,5 numa
escala de 10
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