Sinopse
Pensando que se vão despenhar, Emma Corrigan (Alexandra
Daddario) conta os seus segredos a um desconhecido, num avião. Pelo menos, ela
achava que era um desconhecido… até conhecer Jack (Tyler Hoechlin), o novo CEO
da empresa onde ela trabalha, que agora sabe todos os pormenores humilhantes
sobre ela.
Opinião
por Artur Neves
A história a que assistimos
é de uma comédia romântica made in USA
concebida com todos os defeitos e virtudes que carateriza este género.
Quanto a defeitos, são
muitos e variados desde um argumento pouco verosímil, situações improváveis,
personagens pouco credíveis e ligeiras que apenas lá estão para cumprir as
falas do argumento e darem “corpo” à história, situações artificialmente
criadas para provocarem sorrisos ou lágrimas consoante a situação e sempre, mas
sempre incluindo um conjunto de lamechices para satisfazer os amantes do
género. Valha a verdade que neste ultimo aspeto esta comédia nem é das piores.
Quanto às virtudes, refiro-me
à capacidade de alegar situações reais da vida corrente, normalmente
inacessíveis no nível de relacionamento da convivência cerimoniosa. Nesta história
são abordados assuntos de algum melindre, embora de forma ligeira e
superficial, (trata-se de uma comédia) mas com um grau de abertura suficiente
para os banalizar retirando-lhe a carga pejorativa que frequentemente lhes é atribuída.
Baseado no romance de Sophie
Kinsella, o seu primeiro livro independente com o mesmo nome, após o sucesso
dos guiões escritos para a série “Louca por Compras” que passou em Portugal em
2009, é uma adaptação de comportamentos centrados em mulheres que assumem
desempenhos de liderança e constroem uma imagem de independência para lá das limitações
de género, muito embora continuem femininas e desejáveis.
Com a história resumida na
sinopse, acrescento o facto da insatisfação que ela sente no trabalho por ser
de uma área financeiramente instável. Do seu relacionamento amoroso com o
namorado Connor (David Ebert) que é pouco mais do que idiota, embora lhe
satisfaça todos os desejos. Da monotonia da sua vida na casa que partilha com
duas amigas. Ela precisa desesperadamente de uma mudança radical que se dá
acidentalmente no voo de regresso a Nova Iorque depois de uma desastrosa
apresentação comercial que ela foi fazer a Chicago.
A surpresa começa quando ela
encontra o desconhecido do avião, Jack Harper (Tyler Hoechlin), na empresa gerando-se
uma situação embaraçosa e desnivelada, ela é uma assessora de marketing, ele o
novo administrador delegado, foi a ele que ela se revelou os mais ínfimos
detalhes da sua intimidade com o namorado e com as amigas, apenas pelo terror
de morrer de desastre de avião e aqui começa o imbróglio que inevitavelmente os
há de unir no final do filme. Estamos numa comédia romântica, as coisas são o
que são e esta só pode acabar em amor.
Para compor o ramalhete Jack
é um brincalhão que explora as vulnerabilidades que Emma partilhou e embora a
aceite e procure a sua presença, não sente á vontade para partilhar as suas
próprias neuroses e segredos pessoais que só posteriormente viremos a saber
serem de Polichinelo. Todavia é o suficiente para vermos que a centelha do
romance já se acendeu entre ambos e agora é só deixar fluir.
No geral, a história pode
encarar-se como uma brincadeira aceitável para quem procura filmes baseados
numa ficção pós feminista, embora sem alcançar o nível de “Na sua Pele” de 2005
ou “ O Diabo veste Prada” de 2006, evitando os aspetos tóxicos de uma narrativa
demasiado sexista. É um filme para a família em tempo de Natal, que se entrar
alegre vai sair satisfeito e a pensar na próxima ocupação.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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