Sinopse
Frankie, uma
famosa actriz francesa, descobre que só tem alguns meses de vida.
Para as suas últimas férias, reúne toda a gente em
Sintra, Portugal.
Opinião
por Artur Neves
Frankie, a atriz francesa Françoise
Crémont, (Isabelle Huppert) recebe a notícia do seu médico de recidiva do tumor
canceroso combatido dois anos antes e que agora lhe concede poucos meses de
vida.
Para pôr as “contas em dia” com
todos os que lhe são mais próximos; o marido atual Jimmy (Brendan Gleeson), de
quem tem um filho Paul (Jérémie Renier) de temperamento instável, o primeiro
marido Michel (Pascal Greggory) com quem tem uma filha Sylvia (Vinette Robinson)
que está em processo de divórcio do seu marido Ian (Ariyon Bakare) que ainda a
ama e resiste à separação, bem como o seu círculo restrito de amigos donde se
destaca; Ilene (Marisa Tomei) amiga de longa data, confidente, e suporte
emocional nos momentos mais difíceis da sua doença, convida-os para umas férias
em Sintra – Portugal, onde ela pretende fazer a sua despedida da vida social e mostrar
como todos os seus parentes mais queridos podem aprender a viver juntos… sem a
sua presença.
Possui ainda um plano
secreto de aproximar a sua amiga de sempre, do seu filho Paul mas que se revela
impraticável, considerando que Ilene, atriz em Nova Iorque, governa bem a sua
vida, tem ideias bem definidas sobre si própria e do que quer no campo
sentimental. Resiste à declaração amorosa de seu colega de filmagens Gary (Greg
Kinnear) e não aceita a sugestão de Frankie de “escolher antes de procurar”,
como esta lhe recomenda, no papel de mãe que pretende deixar o filho
acompanhado.
É assim neste ambiente
constrangido pela gravidade do anúncio de Frankie que se desenvolvem aquelas “férias”,
onde a terceira geração da família encontra uma experiencia de mudança de vida
numa ida à Praia das Maçãs com Bento (Máximo Francisco) como escape para as frequentes
desavenças com Sylvia, sua mãe.
Este problema com tantas
variáveis não tem solução fácil e Ira Sachs, realizador americano que dirige
este projeto, procurou dar-nos a conhecer todos os personagens com suficiente
profundidade para que possamos ajuizar a complexidade subterrânea destas
relações onde todos e cada um à sua maneira, sofrem de uma acédia temporal que
lhes provoca apatia e torpor durante toda a narrativa. Sofrem isolados e Ira
Sachs sabe “mistura-los”, sem contudo conseguir amenizar o seu desconforto. Sofrem
por Frankie e por eles próprios, por não conseguirem concretizar os seus
anseios. Todos querem o que não alcançam!...
O filme está bem articulado,
não obstante as incongruências inerentes a cada um dos personagens, o drama
está apresentado de modo credível e os 100 minutos de duração passam agradavelmente
por entre a paisagem rural de Sintra.
Classificação: 6 numa escala
de 10
PS: Este filme é uma produção
Franco – Portuguesa, coproduzida na parte nacional pela produtora “O Som e a
Fúria” e pelo ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual IP) em que os atores principais
são estrangeiros, incluindo o realizador e os atores secundários são todos nacionais,
onde se destaca Carloto Cotta, o jovem ator já anteriormente referido e muitos outros
que compõem o ambiente rural de Sintra, filmado na Quinta da Regaleira e na
Peninha, como se de um postal turístico se tratasse.
Toda a equipa técnica é
igualmente portuguesa, não somente na captação de imagem mas também nos outros aspetos
acessórios inerentes à filmagens, bem como na edição, o que significa que nós
somos capazes e que o cinema português apresenta um potencial de qualidade que
tem estado invisível em muitas das recentes realizações.
Na minha opinião falhamos
nos argumentos, demasiado novelescos e com dramas de “cordel”, bem como na
representação de primeiro nível em que nos deixamos arrastar pela lamechice,
suportada por uma representação teatral de que ainda não nos livrámos. Somos uns
tristes!...
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