20 de dezembro de 2019

Opinião – “Dark Waters: Verdade Envenenada” de Todd Haynes


Sinopse

Baseado numa história verdadeira e um forte candidato aos Óscares. Robert Bilott (Mark Ruffalo) é um advogado de defesa que confronta a empresa química DuPont para expor um horrível segredo de poluição ambiental.

Opinião por Artur Neves

Este filme conta uma história verdadeira e atual que ainda continua em tribunal na discussão do valor de indemnização a pagar às vítimas da intoxicação provocada por contaminação da água dos rios e da água distribuída aos habitantes da pequena cidade da Virgínia Ocidental durante décadas. O argumento foi baseado no artigo do New York Times; “O advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont” e reporta-se à luta entre “David e Golias” em que a figura central é o advogado Robert Bilott (Mark Ruffalo) que empenhando a sua própria carreira, a sua estabilidade financeira e a sua saúde, desenvolve um processo contra a gigante da química, DuPont, em busca da justiça e da verdade, que a empresa conhecia mas ocultava, na busca do lucro.
O filme conta assim uma perturbadora história de horror sobre a má conduta corporativa da DuPont, permitindo a Todd Haynes construir um thriller de direito e tribunal, dando ênfase à promiscuidade existente entre os grandes monopólios industriais e os governos que pactuam dissimuladamente com as suas atividades.
A história começa pelo pedido de intervenção de Wilbur Tennant (Bill Camp), um fazendeiro proprietário de uma quinta na vizinhança da casa da sua avó, para que o defenda na luta contra a empresa que ele crê ser a responsável pela estranha morte de centenas de cabeças do seu gado. Os animais adoecem lentamente, tornam-se vacilantes, por vezes violentos, atacando sem razão o fazendeiro, que em algumas situações é obrigado a matá-los para sua própria defesa.
Tennant possui um registo videográfico do comportamento dos animais doentes e vários órgãos completamente anormais dos animais mortos, após a autópsia a que ele os submeteu. Com base nessas evidências, Robert Bilott desenvolve a investigação, confronta a DuPont obrigando-a a ceder a documentação relativa aos seus parâmetros de produção e conclui que o problema é mais vasto do que inicialmente previra, considerando que as pessoas da cidade são igualmente afetadas pela intoxicação.
Robert Bilott (Mark Ruffalo) tem um desempenho sóbrio como o advogado que embora sem discursos teatrais, cumpre zelosamente a sua tarefa, porfiando os indícios e coletando provas que exibe discretamente mas com firmeza em tribunal, mesmo contra a vontade dos sócios do seu escritório, encabeçados por Tom Terp (Tim Robbins) que constrói um personagem inteligente e árbitro, entre a justiça e o interesse dos sócios, que receiam não conseguir entrar no circulo restrito dos contratados da grande indústria.
Sarah Bilott (Anne Hathaway) no papel de esposa de apoio de Robert, desempenha com competência o que lhe mandam fazer e mais não faz porque o argumento não lhe dá essa oportunidade. Temos assim uma história que combina drama com biografia e jornalismo, apresentada de uma forma escorreita que nos mostra os perigos que desconhecemos e a que estamos sujeitos, bem como, que apesar de vivermos em sociedade e pagarmos impostos, estamos entregues a nós próprios.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

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