29 de novembro de 2019

Opinião – “21 Pontes” de Brian Kirk


Sinopse

Chadwick Boseman é Andre Davis, um detetive da polícia de Nova Iorque que tem de capturar os responsáveis pelas mortes de vários polícias. André vê-se envolvido numa complicada e inesperada conspiração. À medida que a operação avança fecham-se as 21 Pontes de Manhattan para impedir a fuga dos assassinos. Para este detetive fracassado esta é a última oportunidade de redenção.

Opinião por Artur Neves

Esta é mais uma história de hard crime e castigo com polícias (o conhecido NYPD) e ladrões violentos sem mágoa nem perdão. Assim sendo o final já é conhecido, mas se queremos inovar, se queremos realmente fazer algo pelo menos um pouco diferente, há que juntar outros ingredientes que aqui começam a aparecer como um ruído de fundo que se vai acentuando com o desenrolar da ação e se vai revelando e assumindo como o motivo principal da narrativa por entre muitos tiros, muitos mortos e muita ação de bom nível.
Está ao nível de “Dia de Treino” de 2001 ou de “Nós Controlamos a Noite” de 2007 mas porque é mais recente apresenta outros motivos de interesse através da vigilância de alta tecnologia e maior dinâmica nos assaltos e perseguições automóvel numa desenfreada caça ao homem, alegado autor da morte de oito polícias por um detetive cavalheiro, Andre Davis (Chadwick Boseman) lesto em premir o gatilho, mas igualmente inteligente e ético que persegue a descriminação entre o que está certo num mundo que deu errado.
O seu elemento diferenciador, que se vai acentuando em segundo plano ao longo da história, tem a ver com a brutalidade policial, o racismo e o equívoco de políticas avulsas mais interessadas no seu próprio benefício do que no bem comum.
Brian Kirk, realizador mais conhecido por séries de TV, como “A Guerra dos Tronos” (3 episódios) ou “Grandes Esperanças” (mini-série) deu a oportunidade a um ator em ascensão, (Chadwick Boseman) conhecido por várias interpretações de origem Marvel, em se destacar num personagem, fora do mundo dos quadradinhos, com personalidade, suspense, capacidade de decisão e dilemas morais que ele gere com segurança.
Para contracenar com ele também encontramos dois bons desempenhos em Ray (Taylor Kitsch) assassino sanguinário, traumatizado na infância e contaminado pela guerra do Afeganistão que lhe retirou toda a réstia de humanidade e Michael (Stephan James) também antigo colega no Afganistão, mas inteligente, empático e até bondoso em algumas cenas onde o seu parceiro só vomita raiva.
O resto do elenco também se situa em bom nível, com particular destaque para o Captain McKenna (o veterano J.K. Simmons) responsável pelos polícias mortos que espera que Andre Davis cumpra a sua missão de vingança… e de conveniência, como mais tarde vimos a descobrir através dos twists do argumento, que ainda assim conseguem manter o espectador focado nas múltiplas relações raciais para que o filme aponta e nos dilemas morais que Davis encontra nas descobertas que vai fazendo no desenrolar da ação.
Para 100 minutos é um trabalho escorreito, recheado de suspense, ação inteligente e segurança na história e no desempenho mostrado. Vê-se com muito agrado.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

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