Sinopse
Isabel
(Michelle Williams) dedicou a sua vida a gerir um orfanato num bairro-de-lata
de Calcutá. O financiamento é escasso, e Theresa Young (Julianne Moore), uma
milionária com um império de comunicação, contacta Isabel, pedindo-lhe que
viaje até Nova Iorque para lhe apresentar pessoalmente o projeto. Inicialmente
revoltada com a exigência de uma potencial doadora que ainda não se
comprometeu, ela acaba por ceder e viaja até à cidade da qual tinha escapado há
20 anos atrás.
Uma vez em Nova Iorque, e sentindo-se muito
desconfortável, Isabel dirige-se à residência da possível benfeitora. Enquanto
Isabel pensa que em breve regressará ao seu querido orfanato, Teresa tem outros
planos. Ela insiste que Isabel fique para o casamento da sua filha, na
propriedade da família. Mas o alegre evento rapidamente se transforma num
catalisador de uma revelação que vem transtornar a vida das duas mulheres e das
pessoas que mais as amam.
Opinião
por Artur Neves
O filme que hoje temos em
apreciação é um remake da obra com que
a realizadora dinamarquesa Susanne Bier, quase conseguiu obter o Oscar em 2007
para o melhor filme de língua estrangeira da Academia Americana. Bart
Freundlich, realizador americano, casado na vida real com Julianne Moore,
concebeu uma alteração de personagens na história original, mantendo todavia o
enredo que nos mostra neste filme. Na origem, ambos os filmes têm o mesmo nome
(After the Wedding) sendo
posteriormente adaptados os “gosto” de cada país, como vem sendo normal em toda
a cinematografia que nos chega de fora.
A alteração do género dos
personagens principais tem pelo menos o mérito de tornar a atual versão mais aguda
do ponto de vista emocional e com isso poder transformar esta versão num melodrama
mais profundo no aspeto dos afetos, para os quais contém todos os elementos
para ter sucesso, mas… fica-se pela tentativa, depois de ultrapassado o choque
da surpresa pelos “segredos” que nos são revelados, fruto de vários twists que a história contém.
Isabel, ao viajar da Índia para
Nova Iorque, por solicitação de Theresa Young, não sabe completamente ao que
vem, nem esta sonha com o que despoletou, ao requerer a sua presença para
ajuizar melhor o destino do donativo que está prestes a conferir-lhe e por
dificuldades de agenda, em convidá-la, para o faustoso casamento da filha Grace
(Abby Quinn), na casa de família em Long Island.
Tanto Isabel (Michelle
Williams) como Theresa Young (Julianne Moore), são competentes no trabalho que
desempenham criando personagens credíveis. Os seus diálogos e as suas
intervenções recíprocas em diferentes situações e com outros personagens estão
adequadas ao contexto embora ajam como “personagens silenciosos” e as consequências
dos seus desacordos são sempre leves e cordatas para a gravidade dos factos e
intensidade do drama. Parece-me que a história poderia ter sido mais ousada no
aprofundamento das consequências de uma relação que se afigura tensa entre
Isabel, Theresa e o marido Oscar (Billy Crudup), mas não… se atinge alguma
tensão, mais pelo efeito da surpresa das revelações, logo se desmobiliza e fica
completamente frouxa na parte final.
Esta história daria para
desenvolver relações obscuras e íntimas, diálogos cortantes e ambientes gelados,
como os construídos em “Perto Demais” de 2004 por exemplo (uma quadrangulação
de relações humanas) mas presumo que o realizador preferiu enfatizar o lado
mundano dos personagens citadinos, utilizando uma filmagem com drones para
aproximação a uma realidade mais abrangente e o diretor de fotografia Julio
Macat preferiu filmagem manual e Steadicam,
que permite fotos suaves e estáveis mesmo quando a câmara se move no exterior
ou sobre superfícies irregulares, acalmando todos os tumultos. Ainda assim vale
a pena ver, a história é boa embora só sumariamente aproveitada.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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