Sinopse
Quando Andrew Briggman (Nat Wolff), um jovem soldado
na invasão americana do Afeganistão, é testemunha da morte de civis inocentes
por outro recrutas, sob a direção de um líder sádico - o sargento Deeks
(Alexander Skarsgård) - ele considera denunciá-los aos seus superiores - mas o
um pelotão cada vez mais violento e fortemente armado suspeita que alguém das
suas fileiras se tenha voltado contra eles, e Andrew começa a temer que ele
seja o próximo alvo.
Opinião
por Artur Neves
Dan Krauss é um repórter de
guerra que acompanhou uma missão de soldados americanos no Afeganistão, mais propriamente
na cidade de Kandahar e arredores do deserto, com vista à realização de um
documentário sobre o conflito; “The Kill Team” estreado em Abril de 2018 no
Tribeca Film Festival.
Posteriormente, depois de
ter refletido sobre a realidade presenciada, no terreno de guerra e no
acampamento entre as tropas americanas, apercebeu-se dos conflitos morais e psicológicos
gerados pelo dever, espírito de grupo, lealdade para com os seus pares e a paranoia
que se instala quando; o dever, o medo e os valores morais, entram em conflito
nos mais profundos pensamentos de um soldado.
Daí nasceu o argumento que
suporta este filme, como o mesmo nome do documentário, que se fundamenta no
sangue, suor e lágrimas dos seus personagens quando confrontados na sua solidão
com os valores que lhe foram inculcados em tempo de paz e que constituem as
regras de convivência entre os membros da espécie humana.
De acordo com o resumo
descrito na sinopse o filme revela-nos um ambiente de crescente tensão e
paranoia, sempre fundamentado em pormenores e pequenos indícios comportamentais
de Briggman e dos seus camaradas, sem contudo conseguir elevar a patamares
significativos o nível de angústia tradicionalmente sentido em filmes de
suspense. Os personagens construídos por Briggman (Nat Wolff) e Deeks
(Alexander Skarsgård) são consistentes, muito particularmente este, decorrente
da sua experiencia de guerra e da exibição das mortes de que é responsável
através de tatuagens de caveiras nas pernas.
Deeks, além de responsável
do grupo é um mestre em manipulação e em condicionamento dos comportamentos da
sua equipa, fazendo com que eles o admirem, promovendo o culto de personalidade
entre os soldados por meio de manifestações de apreço e elogios nem sempre
verdadeiros. Todavia ele possui uma agenda e um objetivo próprios e assume que
a sua missão é matar, revelada nos seus comentários antes das missões; “Boa
caça” e “espero que estejam prontos para se divertirem”. Transmite ainda o
conceito de que combater é bom e justo, tomando como exemplo todos os camaradas
mortos ou estropiados em ações anteriores.
Com o passar do tempo e das ações
em combate, alguns começam a questionar a moralidade subjacente aos atos de
guerra, bem como a própria moralidade do seu desempenho embora aceitando-a por
ter origem no seu líder. Assim geram-se fraturas no grupo, particularmente em Briggman
que não aguenta a tensão, o ambiente com os camaradas que o questionam e os
concelhos do seu pai a quem ele, através do Skype, revela as provações do seu
espírito.
O filme ao dar relevo a um “pormenor”
detetado no documentário, gera uma novidade narrativa que é oposta ao documentário,
considerando que este se deve esgotar na objetividade dos factos. O filme ao
ficcionalizar um caso concreto, é necessariamente subjetivado em função das
conceções do seu autor. Como o autor de ambos é o mesmo, temos aqui um
exercício de cinema curioso, que merece ser apreciado pelas múltiplas questões
que levanta.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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