Sinopse
Ambientado no final do século XIX, a Guerra das
Correntes, que foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e
George Westinghouse (Michael Shannon) sobre como deveria ser feita a
distribuição da eletricidade. Edison fez uma campanha pela utilização da
corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse defendia a corrente
alternada.
Opinião
por Artur Neves
“A Guerra das Correntes” foi
estreado no Toronto Filme Festival de 2017 mas somente agora chega às salas por
ter sido produzido por Harvey Weinstein, principal alvo atingido pelo movimento
#Me Too, que caiu precisamente em
Outubro de 2017, (foi demitido da sua própria empresa e expulso da Academia de
Cinema pelas denuncias de mais de 80 mulheres) justificando assim o “congelamento”
do filme durante este intervalo de tempo até à presente data.
Arrefecidos os ânimos pelo
bálsamo do tempo e depois do filme ter sido reeditado por Alfonso Gomez-Rejon
com adição de cenas e redução da sua duração, eis que nos apresentam a
competição desenvolvida entre 1880 e 1893, por Thomas Edison e George
Westinghouse para a definição do standard
de distribuição da energia elétrica nos USA, sendo o primeiro a favor da corrente
contínua (CC) e o segundo, adepto da corrente alternada (AC) sendo esta segunda
forma que prevaleceu e que ainda hoje se verifica em todo o mundo.
Este assunto é do foro da
especialidade eletrotécnica, com múltiplos problemas técnicos associados que
estão distantes do comum dos mortais, pelo que fazer deste tema um filme é pelo
menos um trabalho arrojado, que se torna lânguido e arrastado entre discussões
legais, jantares chiques e bailes em sumptuosos salões e uma única conversa,
por sinal amena, entre os dois competidores quase no fim do filme.
O relacionamento entre ambos
comporta-se com uma dinâmica semelhante entre Wolfgang Amadeus Mozart (Thomas
Edison) para o seu Antonio Salieri (George Westinghouse) no fabuloso “Amadeus”
de Milos Forman, só que com menos melodia, já que a música que enquadra as
cenas do filme é rápida e sincopada que soa como um zumbido persistente que por
vezes associamos a falha elétrica e só por aí se pode justificar o seu
envolvimento.
Benedict Cumberbatch no
papel de Thomas Edison constrói um personagem estudioso e concentrado mas
arrogante, casado, com filhos com quem fala em código de Morse, ao mesmo tempo
que manipula a imprensa com inexatidões grosseiras como por exemplo que a
corrente alternada é mais perigosa do que a corrente contínua, apenas por um
capricho de preferência que não respeita a verdade técnica revelando uma
obsessão doentia pela prevalência da sua ideia. Apesar disso, não se coíbe de
projetar uma cadeira elétrica com corrente alternada que resulta num assinalável
fracasso.
Todavia, o início da sua derrota
está na desistência da colaboração de Nikola Tesla (Nicholas Hoult), engenheiro,
nascido na Sérvia que passa a assessorar George Westinghouse nesta demanda. Aliás
Tesla é o verdadeiro adversário de Edison, embora o filme não lhe confira a
relevância que merece. Por ter ficado à margem na história real também ficou à
margem no filme.
Michael Shannon no papel de George
Westinghouse constrói um personagem competente, um verdadeiro cavalheiro de indústria
interessado em investir nas melhores técnicas, que negoceia com as autoridades e
com colegas industriais em ambientes refinados da alta burguesia estabelecendo
um nítido contraste entre os mundos dos dois homens.
No seu todo é um filme
monótono porque a história não permite maior dinâmica, é o que é, e pode ver-se
por mera curiosidade histórica, mas deve ter-se consciência ao que se vai.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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