7 de outubro de 2019

Opinião – “O Caso DeLorean” de Nick Hamm


Sinopse
Depois de ser apanhado pelo FBI a contrabandear cocaína no seu avião, Jim Hoffman (Jason Sudeikis) tem como única hipótese trabalhar para aquela agência como informador. Mas apesar disso a vida corre-lhe bem, e é colocado com a família num rico subúrbio de San Diego. Para sua surpresa, descobre que tem John DeLorean (Lee Pace) como vizinho, o ícone da indústria automóvel. Rapidamente cresce uma relação de amizade entre os dois homens, ao mesmo tempo que DeLorean se prepara para lançar o seu novo projeto – A DeLorean Motor Company, no qual Jim se envolve ativamente.
Mas com o FBI a pressiona-lo para denunciar o seu fornecedor, e o projeto de DeLoren a atingir um ponto critico de falta de financiamento, as coisas estão longe de serem idílicas. E quando Jim traz o seu Dealer para o projeto, como novo financiador da DeLorean Company, tudo vai rapidamente ficar pior.
Baseado em eventos reais, O Caso DeLorean conta a incrível, inacreditável e por vezes absurda história que se tornou o escândalo mais célebre dos anos 70.

Opinião por Artur Neves
Mais uma vez o cinema nos trás a teatralização de um caso real, desta vez “O Caso DeLorean” que nos conta a odisseia da constituição da empresa americana DeLorean Motor Company fundada em 1975 por Jonh Zachary DeLorean, que entre 1980 e 1983, ano de falência, produziu o modelo DMC-12 cuja qualidade mais importante foi ter “estrelado” como carro do futuro na trilogia “Regresso ao Futuro” e ter apresentado pela primeira vez o projeto das portas de elevação superior, posteriormente adotado por outras marcas. Como automóvel desportivo ou familiar foi um rotundo fracasso e é essa história que este filme nos conta.
Como resumo desta história pode dizer-se que nos mostra como um homem, Jim Hoffman, algo apático, vaidoso, gabarola, mas sem controlo das situações em que se mete e se deixa arrastar pelos acontecimentos, é apanhado a traficar droga da Colômbia para os USA e para não ser preso nem prejudicar a família, particularmente a mulher; Ellen Hoffman (Judy Greer) que corporiza o espírito feminino americano do way of life da altura, exigente, coquete cuja base filosófica é a crença nos direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade como direito inalienável, não lhe perdoaria se fosse forçada a ir com ele para a prisão na sequencia da sua detenção.
Em toda a história o papel de Jim é ambíguo e comprometido mas as circunstancias de ser vizinho de John DeLorean, ser convidado para festas que o deslumbram a ele e à mulher, entrar num mundo a que nunca pensaram ter acesso, faz com que o plano de entrega do traficante de droga que combinou com a polícia e as necessidades financeiras de John DeLorean se cruzem num misto de aventura, comédia, interesse mútuo e possibilidade de ganhar dinheiro que de outra forma não consegue.
Mais uma vez Jim, não tem plano de fuga, apenas corre num sentido e empurra os problemas coma a barriga até ao final, no julgamento (a história desenvolve-se em flashbacks de acordo com as questões que são levantadas pelo advogado de John DeLorean no julgamento) onde Jim mostra um gesto de justiça para com o seu amigo John, não o salvando todavia das muitas dívidas que possui.

É uma história sobre relações desalinhadas, perfilada por dois personagens da vida real, por vezes antagonistas e adversárias como acontece no mundo que conhecemos. Aqui, porém, é um pouco diferente e apenas se desenvolve acerca de um negócio comum em que ambos estão dispostos a usar os seus argumentos e encanto natural para conseguir os seus objetivos e ficar fora dos problemas. Um por objetivo de vida, o outro por comprometimento. É um filme divertido e bem feito, recomendo.

Classificação: 6 numa escala de 10

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