15 de outubro de 2019

Opinião – “Maléfica – Mestre do Mal” de Joachim Rønning


Sinopse

Nesta continuação do sucesso mundial de bilheteira de 2014, Maléfica e a sua afilhada Aurora começam a questionar os complexos laços familiares que as unem, à medida que vão sendo afastadas por um casamento iminente, aliados inesperados e novas forças obscuras em jogo.

Opinião por Artur Neves

Mais uma vez os “Contos de Grimm” suportam com a sua história mais icónica e mais divulgada em todo o mundo; “A Bela Adormecida” sobre uma princesa de rara beleza que é enfeitiçada por uma invejosa feiticeira (a tal Maléfica) condenando-a a um sono profundo até que um príncipe encantado lhe dê um beijo por amor e quebre o feitiço.
O destaque da “Maléfica” nas histórias atualmente contadas justifica-se por ser a mesma história vista do ponto de vista da feiticeira que a Disney já pôs em filme em 2014, contando os motivos que justificam o endurecimento de relações da vilã com a sua afilhada, bem como, a maldição lançada sobre a princesa Aurora. Por ter constituído um assinalável êxito de bilheteira e os blockbusters têm de ser aproveitados até à exaustão, eis que este ano aparece uma sequela com a temática descrita na sinopse, que é mais do mesmo, suportado na moral vigente e no establishment social.
Neste filme continua a promover-se o amor (que não traz mal ao mundo) o casamento (já nem tanto) com pompa e circunstância, a obediência aos cânones, e uma mensagem oportuna de tolerância e aceitação pelas diferenças entre a espécie humana, considerando que apesar de diferentes todos procuramos a felicidade e o bem-estar, numa clara alusão aos milhares de desalojados dos seus países de origem. O cinema também serve para estas chamadas de consciência e para servir causas.
A relação entre Maléfica (Angelina Jolie) e Aurora (Elle Fanning) tem sido pacata, os maus sentimentos esbateram-se ao longo destes anos e Aurora encontra de novo o amor do seu príncipe. No entanto o ódio entre os humanos e as fadas mantem-se e esta projetada união entre Philip (Harris Dickinson) e Aurora desgosta Queen Ingrith (Michelle Pfeiffer) que não aceita a ligação do filho com a representante do reino das fadas e engendra um plano de guerra para acabar definitivamente com o reino de Moors, o reino das fadas.
Como pode apreciar-se nada de novo; “a sogra detesta a mulher que o filho escolheu para sua nora!…” Para quantas novelas reais e de ficção, telenovelas, dramas de faca e alguidar e histórias de cordel, este argumento já serviu?... Creio que ninguém tem um número certo, mas são de facto imensas e aqui até serve para “esparguetizar” uma história de fantasia contada pelos irmãos Grimm na idade média, pelos idos de 1600.
Para compensar, o suporte e a forma de contar são realmente fabulosos. O filme apresenta-se em IMAX 3D, numa condição particularmente imersiva que nos transporta para o ambiente e para a história, por sofisticados meios audiovisuais. A música e os sons do filme, criteriosamente dirigidos na sala conduzem os nossos sentidos e, se nos deixarmos levar, voaremos pelo reino de Ulstead e pelo seu vizinho Moors em conjunto com fantásticas criaturas aladas, em jardins maravilhosos de flores eternas, ou descendo para ambientes sombrios e profundos, durante cerca de 118 minutos, que para mim pareceu extenso, mas para o espectador, “vítima” do encantamento pelas fadas, saberá inevitavelmente a pouco, apesar da lágrima fugidia que lhe escorrerá pela face.
Como tal, a classificação atribuída a seguir reporta-se somente aos aspetos técnicos do filme, da caraterização dos personagens, do guarda-roupa e da extraordinária imagem IMAX 3D em que o filme se apresenta. Sobre o conteúdo, a cada um sua classificação.

Classificação: 9 numa escala de 10

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