Sinopse
Lizzie
(Noomi Rapace) é uma mulher melancólica que ainda sofre com a morte precoce da
sua única filha e que tem dificuldades para interpretar a realidade.
Mas quando numa festa
conhece a filha de Claire (Yvonne Strahovski), entra numa espiral de loucura e
começa a acreditar que a menina continua viva e que aquela garota é a sua
filha.
Opinião
por Artur Neves
Este filme é um remake
americano do filme "L'empreinte de l'Ange", realizado pelo francês
Safy Nebbou em 2008, pela realizadora Australiana Kim Farrant que segue rigorosamente
o argumento original. Apenas os intérpretes e os locais onde se desenrola a história
mudam, só que o primeiro filme nunca foi apresentado nas salas Portuguesas pelo
que se justifica assim a sua atual comercialização.
A história é um thriller psicológico, muito bem
interpretado por Noomi Rapace que se tornou conhecida depois do seu assinalável
desempenho em “Os Homens que Odeiam as Mulheres” de 2009, primeiro filme da
saga “Millennium”, ao que se seguiram outros êxitos. Nesta história ela constrói
o personagem de uma mulher divorciada, mãe de uma menina que morreu num
incêndio ocorrido no hospital onde nasceu, poucas horas depois do parto.
Estes acontecimentos e os
detalhes sobre a tristeza de Lizzie, quem ela é, como se comporta no seu
desespero e por quem está de luto vão sendo lentamente revelados no desenrolar
da ação, acompanhada por uma paisagem sonora melancólica e sinistra que torna a
história sombria e carregada de luto.
Farrant sabe como contar uma
história que não se adivinha e Noomi Rapace corresponde bem com uma personagem
delicadamente maluca, obcecada pela filha perdida que ela teima em não aceitar
a perda, rasgando-se a si própria, à sua identidade, ao seu respeito por si,
numa completa escuridão do espirito, sem vontade para rir ou conviver fora da
sua obsessão. A tragédia que ela não aceita, custou-lhe a sua sanidade mental,
o divórcio do marido que apesar de compreender a sua dor, acha a vida tem de
continuar e a custódia do filho mais velho, Thomas (Finn Little) que além de
carente, sofre a presença de uma mãe ausente.
A transformação interior de
Lizzie ocorre, quando no aniversário de um colega de escola de Thomas, ela vê
Lola (Annika Whiteley) e se convence que aquela criança é a sua filha perdida. A
partir daí ela torna-se obcecada por Lola, absolutamente fixada na menina,
negando a realidade conhecida e começando a exibir um comportamento inadequado
em relação a Lola que na sua inocência lhe retribui carinho pelas atenções de
que é alvo.
A partir daqui a história
toma outra dinâmica mais elétrica, pois Claire ( Yvonne Strahovski ) a mãe de Lola,
não permite essa aproximação e faz compreensivelmente tudo para a evitar. O argumento
porém, não se preocupa com as eventuais conotações obscenas que essa
aproximação possa suscitar no espectador, pois Ferrant apenas pretende mostrar
a dimensão da dor da perda de um filho e assim a história passa de sombria a emocionalmente
visceral, a uterina, mostrando a competição entre as duas mães pela posse da
sua cria e aqui Claire personifica uma resposta adequada a Lizzie, criando um
personagem que tenta equilibrar a pena pela morte, com a compreensão da dor e
com a raiva provocada por uma situação muito assustadora.
O final é surpreendente e
não o devo revelar sob pena de mutilar a obra e retirar o gozo ao espectador,
pelo que apenas acrescento que os 98 minutos despendidos no visionamento valem
a pena. Muito interessante.
Classificação: 7 numa escala
de 10
2 comentários:
A minha irmã viu este filme e contou-me a história, tal qual o que aqui está! Só que ela não me disse o nome do filme e acabo agora de descobrir! Também não revelo o final - ela disse-me pois eu não fiquei interessada em ver. A presença da Naomi é sempre um factor a ter em consideração!
Obrigada pela partilha!
Fiquei com vontade de ver este filme.
Bom fim de semana
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