25 de setembro de 2019

Opinião – “RAMBO: A Última Batalha” de Adrian Grunberg


Sinopse

Quase quatro décadas após ter derramado a primeira gota de sangue, Sylvester Stallone está de volta como um dos maiores heróis de ação de todos os tempos: John Rambo. Desta vez, Rambo tem de enfrentar o seu passado e recuperar as suas implacáveis técnicas de combate para reclamar vingança numa última missão. Uma jornada mortal de desforra, RAMBO, A Última Batalha é o último capítulo da lendária série.

Opinião por Artur Neves

Não podemos esquecer que a saga de “ Rambo” apareceu na sequência da famigerada guerra do Vietnam em que morreram muitos soldados americanos e os que voltaram, os veteranos de guerra, apresentaram sérias dificuldades de inserção social decorrente dos traumas sofridos em combate e são hoje ainda uma chaga que ensombra a sociedade americana.
Em 1982 aparece o primeiro filme, que gerou logo em 1985 uma sequela, não somente pelo êxito de bilheteira, mas também para passar a mensagem de uma América constituída por homens híper masculinos, valentes, especialmente adestrados para a luta, para atenuar o desaire sofrido pelo país naquele conflito. Deste modo, contaram-se histórias de heróis medalhados perseguidos pela polícia e pelas populações locais que obrigaram o “inocente” herói a uma legítima explosão de fúria violenta, permitindo assim sublimar a sua caraterística dominante de inadaptado social.
Assim, Rambo 1 e 2 apresentam objetivos claros de branqueamento da guerra do Vietnam e devia ter ficado por aqui, todavia, considerando que o franchise se tornou rentável e por isso apetecível a saga continuou com Rambo 3 de 1988, agora sobre a guerra do Afeganistão em que os USA censuram a URSS pela invasão, como se não tivessem anteriormente feito algo semelhante. A política externa dos USA assim o justifica e Rambo lá tem de atuar mais uma vez e, mais uma vez, poderia ter ficado por aqui.
Mas não, 20 anos depois, voltamos a encontrar Rambo em 2008, com um Sylvester Stallone mais envelhecido, eventualmente com alguns problemas de saúde porque o filme desenrola-se lento, com ação comedida em que Rambo aparece quase como uma figura secundária que discute a perseguição dos cristãos na Birmânia, na Revolução do Açafrão em 2007, abordando novamente temas reais onde a política externa dos USA está envolvida, em que Rambo tenta ser um mediador e um conselheiro mas o resultado é deplorável porque essa faceta não integra o ADN do personagem.
Em 2019 eis que Rambo aparece de novo, desta vez em que a política dos USA está envolvida com a crise dos migrantes, com a fronteira com o México, com a construção do famigerado muro defendido por Trump e como tal, a ação tem de mostrar que o México é um país perigoso, sem segurança, com um bandido em cada esquina, droga, sequestro de mulheres para a prostituição e envolvendo uma rapariga que foi criada por Rambo (desta feita; John) na sua quinta e ele tem de salvá-la da sua triste sorte.
Também existem algumas pessoas boas, mais particularmente uma, que ajudou e tratou de Rambo por ter sofrido uma perda semelhante, pelo que é quase como dizer; “não vás ao México sem ser acompanhado por Rambo”. O que se segue é uma epopeia de violência, razoavelmente bem conseguida com efeitos especiais bem estruturados que tornam o filme uma diversão sangrenta, mas ainda assim aceitável no contexto de nos deixarmos ir com um Rambo de intervenção cirúrgica, (o homem tem 74 anos) numa operação preparada ao milímetro, em que tudo corre mal para os bandidos e Rambo (Trump) cumpre as suas promessas. Esperemos que agora fique mesmo por aqui, como tal e para despedida vamos lá dizer adeus.

Classificação: 5,5 numa escala de 10

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