26 de setembro de 2019

Opinião – “O Terramoto” de John Andreas Andersen


Sinopse

Em 1904, um terramoto de 5.4 na escala de Richter abalou a cidade de Oslo. O epicentro foi o Rifte de Oslo, que atravessa a capital Norueguesa. Há registos diários de atividade sísmica neste rifte e há indícios de que terramotos de grande escala possam vir a ocorrer nesta zona, ainda que os geólogos não o possam confirmar com certeza. Quando? Ninguém sabe – mas sabemos que a densidade populacional e de infra-estruturas de Oslo a tornam expressivamente mais vulnerável hoje do que em 1904.

Opinião por Artur Neves

Esta história continua uma sequência de filmes catástrofe Noruegueses iniciada em 2015 com “Alerta Tsunami” também já estreado em Portugal. Embora de realizadores diferentes esta saga inclui o ator principal comum, onde o encontramos na ressaca do aviso falhado no filme anterior, despedido e com o consequente comprometimento da sua carreira de geólogo, separado da família, a viver sozinho num lugar de ocasião, sem auto estima, abandonado de si, vegetando nos dias que passam mas continuamente atento aos mínimos tremores que ele sente ocorrerem em Oslo, pois está convencido da eventual ocorrência de nova catástrofe.
Assim, sub-repticiamente, a história vai-nos transmitindo um sentimento de insegurança para o que virá a seguir. Não são avisos, são pequenos indícios a que ninguém liga, excepto Kristian (Kristoffer Joner) cujo corpo treme igualmente da angústia, de não ser ouvido nem pelos seus pares que lhe cobram o falhanço anterior.
Existe também outro cientista que trabalha por conta própria e que é seu amigo e em quem ele confia. Porém, a morte acidental deste, enquanto trabalhava num túnel com um traçado crítico para a cidade de Oslo, deixa-lhe um espólio científico que confirma as suas mais dramáticas previsões e que o faz renascer por ser a oportunidade última de resgatar a sua família do edifício onde se encontram e com quem já tinha conseguido estabelecer uma relação amistosa e assim parte da sua vida, regenerando-lhe a existência conturbada e precária.
A partir daqui a história entra no domínio dos efeitos especiais, de ocorrência do tão esperado terramoto. Toda a cena de destruição está bem conseguida, só que o filme entra num dramatismo de clausura de fazer abalar os mais céticos. Kristian vai salvar a sua mulher que se encontra no seu escritório no 34º andar do edifício e “candidamente” com o edifício já a tremer sobe de elevador. Pior ainda, com a estrutura do edifício a ceder tenta descer com a mulher pelo mesmo elevador e claro que, não consegue mais do que viver largos e angustiantes minutos quando o elevador interrompe a sua marcha devido à inclinação do edifício.
Depois desta cena tem de voltar ao topo do edifício para resgatar a sua filha que se encontra lá retida e temos outra angustiante e forçada cena de salvamento numa estrutura em consola que de minuto a minuto se inclina para o abismo. A imagem da tragédia é impressionante corroborada por sons premonitórios do desabamento iminente. O chão inclina-se para lá do limite da estabilidade construindo a emergência de uma cena que além de perturbadora não é credível e dura mais do que é humanamente suportável tornando-se desinteressante por excesso.
Todavia, a mensagem que fica é a da reconciliação familiar e a recuperação de um homem na sua verdade premonitória, embora mantendo a mágoa do fracasso. O resto é a representação de uma enorme catástrofe em 106 minutos, que pode ser apreciada como puro entretenimento, pois como advertência para comportamentos de fuga em caso de perigo semelhante, definitivamente não é útil.

Classificação: 6 numa escala de 10

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