Sinopse
A partir de um artigo de fundo publicado na New York
Magazine, "Hustlers" conta como um grupo de strippers de um clube
noturno de Nova Iorque empreendeu um elaborado esquema de vingança contra os corretores
de Wall Street que as enganaram.
Opinião
por Artur Neves
Esta história é fundamentada
num caso real baseado no artigo de Jessica Pressler, representada por Elizabeth
(Julia Stiles) uma jornalista do New York Magazine a quem é concedida uma
entrevista por Destiny (Constance Wu) num momento de fraqueza considerando que
era co autora na burla que toda a equipa praticava. Este filme conta-nos uma
história feminista, interpretado por uma mulher poderosa Ramona (Jennifer Lopez)
num dos melhores papéis da sua carreira.
Os homens são aqui considerados
como personagens falhadas que sucumbem aos encantos de mulheres rebeldes, “heróis
populares” e não simples bonecas sexuais que usam de vários estratagemas para
lhe extorquírem o dinheiro gasto na satisfação dos seus gastos sumptuários de
roupas e acessórios de marca.
Ramona é magnética no seu desempenho
competente e autoritário, só comparável ao seu papel em “Romance Perigoso” de
1998 onde já se identificava como uma aposta credível no mundo do cinema. Este é
um dos valores do filme, consubstanciado no prazer de assistir à super estrela Jennifer
Lopez (J-Lo) num personagem completo de autoridade, magnetismo, liderança sem
nunca deixar de ser envolvente e protetora para as outras que a cercam.
A realizadora Lorene
Scafaria segue as táticas clássicas da arte de filmar à Scorcese, incluído uma
narração em off, câmara lenta para
enfatizar os momentos de antecipação da ação e zooms prolongados que potenciam
a emoção, tudo acompanhado de uma banda sonora bem escolhida de pop rock, desde
Britney Spears a The Four Seasons, complementada com Chopin
nos momentos mais escuros numa história que decorrente do seu desenvolvimento quase
permite a exibição de um tema diferente para cada take.
O problema surge com a crise
do subprime e a consequente queda de
Wall Street em 2008 em que a loucura do dinheiro a rodos dá lugar a uma narrativa
mais discreta à medida que o desemprego se começa a verificar até neste ramo de
negócio. Aqui tudo muda e é a altura em que Ramona e as suas mais diretas
companheiras engendram um esquema que as há de levar à prisão.
Destiny (Constance Wu, revelada
em “Asiáticos Doidos e Ricos” de 2018) é a principal protegida de Ramona que
inicialmente usa o striptease para
apoiar a avó que a criou (é um motivo como outro qualquer, mas é lamecha e
suspeito) e depois para manter a sobrevivência financeira da filha que
entretanto teve, onde revela tenacidade e caráter. Ela ama Ramona ao mesmo
tempo que a respeita e discorda dos seus métodos, mas a necessidade de
sobrevivência a isso obriga.
A partir daqui a história requisita
elementos que podem ser considerados “empréstimos” de “Viúvas” de 2018 (já
comentado neste blog) ou “Showgirls” de 1995, mas que em nada o desqualifica ou
menoriza, constituindo um belo espetáculo no seu todo, tanto no argumento como
no soberbo desempenho de J-Lo. Recomendo.
Classificação: 7,5 numa
escala de 10
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