Sinopse
Este filme conta a história do astronauta Roy McBride
(Brad Pitt) enquanto viaja para as extremidades do sistema solar com o objetivo
de encontrar o seu pai desaparecido e desvendar um mistério que ameaça a
sobrevivência do nosso planeta. Nesta expedição, Roy irá descobrir segredos que
desafiam a natureza da existência humana e o nosso lugar no universo.
Opinião
por Artur Neves
Ad
Astra, a expressão que dá nome ao filme, tem origem na Eneida,
uma epopeia latina escrita por Virgílio no século I a.C. podendo tomar
diferentes sentidos no contexto em que for proferida. No aspeto aeronáutico,
particularmente no que concerne à conquista espacial pode significar; “por
ásperos caminhos até aos astros” (ad
astra per aspera), ou mais genericamente “atingir a glória por caminhos
difíceis” ou “alcançar o triunfo por feitos notáveis” e qualquer delas está
adequada à história contada neste filme.
Na sequência de fortes e
perturbadoras tempestades elétricas na terra, provocadas por uma entidade longínqua
e desconhecida que se prevê seja provocada por Clifford McBride (Tommy Lee
Jones), responsável por uma anterior expedição e pai de Roy MacBride, este é
enviado numa expedição para o encontrar, despertando nele sentimentos contraditórios
por uma pessoa que ele ama, mas do qual se sente abandonado desde a infância e
do remorso que ele sente, de por motivo idêntico provocar isso na sua mulher,
remetendo-a um lugar tão marginalizado na sua vida, decorrente da indiferença a
que ele a sujeita.
Esta é pois a história de
uma saga familiar de um homem amargurado, embora calmo, equilibrado, coerente,
cuja memória paterna é tão débil que ele confunde a invenção da sua imaginação
com a realidade histórica oficial de um homem que é lembrado e homenageado como
o herói para lá do seu tempo, que teve a coragem de viajar no espaço para
limites nunca antes atingidos, ad astra,
e que ao ser escolhido para esta missão acende-lhe o desejo de finalmente
esclarecer as conflituantes emoções que o atravessam e definir o monólogo
íntimo que Roy nos dá a conhecer através consistentes narrações em off.
No fim, Roy reconhece “que
somos tudo o que temos” e introduz uma linha poética considerando que as
pessoas que têm outras pessoas são ricas, são únicas e estão somente aqui na
terra. No espaço a realidade é bem diversa.
Para lá deste dilema, Roy é
um profissional perfeito e competente em todas as tarefas a que se dedica,
sejam elas previstas ou ocorram de surpresa, nos mais fantásticos cenários que
o filme pode produzir sobre a galáxia e o cosmos. Esta é outra vertente
importante deste filme e inclui a parte lúdica da demonstração da ciência e da
tecnologia espacial muito próxima do que são já hoje ou serão num futuro muito
próximo. As viagens particulares à lua são encenadas como a SpaceX, fundada em
2002 por Elon Musk, nos anda a vender á uns tempos, mas “Ad Astra” funciona,
fundamentalmente porque é lindo de se olhar para a profundidade imensa do
espaço fotografado por Hoyte Van Hoytema.
Foram usadas imagens reais
das missões Apollo 11 a17 como inspiração, posteriormente recriadas e toda a aparência
visual do filme cumpre o nosso imaginário da imensidão espacial e da majestade da
coisa real que o cinema nos pode oferecer, especialmente se for vista na versão
IMAX que nos absorve e convence em todos os momentos. Todos os pormenores
técnicos são respeitados com rigor, conferindo ao filme consistência e realismo.
Sendo eu um adepto do cinema
em casa em ecrã generoso, de definição 4K ou 8K, completado por um som multicanal
digno, (7+1 ou 10+2 canais + Atmos) rendo-me em absoluto à magnificência do
IMAX e recomendo o visionamento deste filme neste formato, como sendo a forma
mais imersiva de desfrutar esta obra, em competição no Festival de Veneza 2019.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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