Sinopse
Na tranquila e pequena cidade de Centerville, passa-se
algo de muito errado. A lua paira larga e baixa no céu, as horas de claridade
estão a torna-se imprevisíveis, e os animais começam a exibir comportamentos
fora do normal. Ninguém sabe bem porquê. As notícias são assustadoras e os
cientistas mostram-se preocupados. Mas ninguém prevê as mais estranhas e
perigosas consequências que em breve vão começar a assolar Centerville: Os
mortos não morrem – eles erguem-se dos seus túmulos para atacarem brutalmente e
devorarem os vivos, e os habitantes da cidade têm de lutar pela sobrevivência.
Do realizador-argumentista Jim Jarmusch (“Paterson”, “Gimme Danger”) chega uma
comédia de terror com um elenco extraordinário de atores que já trabalharam com
Jarmusch (Bill Murray, Adam Driver, Chloë Sevigny, Tilda Swinton, Iggy Pop,
Steve Buscemi, Tom Waits).
Opinião
por Artur Neves
Não me parece bem comentar
este filme sem falar ainda que brevemente de Jim Jarmusch, muito
particularmente neste filme que “sabe” a homenagem a George A. Romero e ao seu “A
Maldição dos Mortos Vivos” de 1978 onde pela primeira vez o mundo se viu
confrontado com este conceito, que seguiu o seu caminho com as inevitáveis
sequelas.
James R. Jarmusch, nascido
em 1953 no Ohio, USA tem uma carreira profissional completa pelas diferentes áreas
do cinema, como; argumentista, ator, editor, compositor, responsável pela
fotografia e finalmente como realizador onde começou a ser notado em “Flores
Partidas” de 2005, e mais recentemente em; “Só os Amantes Sobrevivem” de 2013
que representa a sua primeira incursão pelo mundo do vampirismo, muito embora
tratando-os como “pessoas” e mais recentemente em “Paterson” de 2016 onde nos trás
uma observação silenciosa dos triunfos e derrotas da vida quotidiana, vistos com
poesia e detalhe. Em todo o seu cinema sempre mostrou preocupação em
sensibilizar-nos para os aspetos controversos da vida onde no maior drama
podemos experienciar, amor e comédia.
Este filme entronca nessa
veia indie de contrastes, trazendo os
mortos do cemitério de volta à vida consumista de todos os dias, fazendo-os
levantar-se das campas em busca das suas preferências pessoais de telemóveis,
café, wi-fi, Chardonnay, roupa, sem qualquer repúdio pelo excesso, despesismo
ou lixo que estamos gerando, neste mundo que começa a apresentar sinais de
saturação, em alterações significativas que deliberadamente negamos numa clara
referencia crítica à América de Trump e à sua política belicista, potenciando a
ocorrência de uma catástrofe ambiental pendente.
Contrariamente ao seu
mentor, este filme de zombis não é verdadeiramente um filme de terror, nem
sequer sangrento, pois os mortos-vivos desfazem-se em poeira negra que o vento
espalha ao acaso. Os heróis da cena são três polícias, pachorrentos,
circunspectos na análise dos acontecimentos e mais interessados em filosofarem sobre
os eventuais motivos da tragédia do que em salvar o mundo, para o qual eles não
sentem muita urgência.
Os atores já são velhos
conhecidos dos filmes de Jarmusch; Bill Murray e Adam Driver como polícias e
Tilda Switon na pele de Zelda, uma agente funerária que usa espadas de samurai.
Todos desempenham personagens impassíveis, esteticamente descontraídos,
personagens “jarmuschianas” direi mesmo, numa toada cinematográfica preguiçosa
que faz deste filme uma comédia de terror incaracterística, com bons atores,
boa música ao estilo Country, mas lamentavelmente com poucas ideias e frustrante
no resultado final, porque depois das expectativas criadas esperava-se um pouco
mais.
Adan Driver, na pele do
polícia Ronnie Peterson, repete por diversas vezes e em diferentes situações, a
frase; “Isso não vai acabar bem”, ela ganha foros de profecia, porque ao longo
do desenvolvimento do filme vem-nos frequentemente à memória.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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