9 de agosto de 2019

Opinião – “Um Ajuste de Contas” de Shawn Ku


Sinopse

Frank (Nicolas Cage) passou 19 anos na prisão por ter assumido a culpa por um homicídio que o chefe do seu gangue cometera. Em troca, Frank passaria apenas 5 anos na prisão, receberia meio milhão de dólares e enquanto cumpria pena na prisão, tomariam conta do seu filho, Joey. Uma pena que lhe asseguraram ser de 5 anos na verdade foi a uma sentença de prisão perpétua e a promessa de tomarem conta do seu filho não é cumprida. Frank é libertado e jura um ajuste de contas.

Opinião por Artur Neves

Adicionalmente ao resumo descrito na sinopse, Frank está morrendo, sofre de uma doença grave que lhe suprime o sono, impedindo-o da regeneração do cansaço e da eliminação das toxinas gerada pelo exercício da vida e lhe provoca alucinações, para as quais ele está medicado para as controlar, mas a sua raiva é de tal forma obesessante que o seu único foco está na cobrança do tempo desperdiçado atrás das grades como bode expiatório, reclamando uma promessa que não foi cumprida.
Frank sai de noite da prisão e quando percorre sozinho a pé, a estrada de ligação à cidade encontra seu filho Joey (Noa Le Gros) vindo ao seu encontro, vestido de forma casual e limpo de qualquer vestígio de droga, que mais tarde vamos sabendo que o agarrou e mais tarde ainda, saberemos que o matou. Mesmo ao olhar mais ligeiro este encontro vindo do nada parece-nos suspeito mas o realizador coreano Shawn Ku, mantem-nos na expectativa dum encontro feliz, num encontro de redenção entre almas desavindas, entre um pai ausente e um filho rebelde, que agora têm o seu momento para começar de novo.
Porém, é tudo ilusão para encher chouriços e tempo de videograma, com jantares em locais luxuosos, aquisição de bons fatos e de prendas caras para preencher uma alucinação de que só muito posteriormente somos informados. Aqui chegados, ocorre-me perguntar o que é que Nicolas Cage anda a fazer da vida desde; “Juventude Inquieta” de 1983, ou “Cotton Club” de 1984, ou ainda de; “Morrer em Las Vegas”, “O Rochedo” e “Con Air: Fortaleza Voadora” de 1995, 1996 e 1997 respetivamente, pois desde “O Senhor da Guerra” de 2005 que parece que ele aceita trabalhos apenas para que lhe seja pago um salario, numa filosofia de quantidade de aparições (92 até agora) mas de qualidade duvidosa, em produções baratas, bem inferiores aos argumentos de representação que já lhe valeram um óscar.
A história é de vingança e esgota-se no ato e nos momentos bizarros que o argumento confere ao personagem, de nada vale o encontro com Simone (Karolina Wydra) onde ele, no meio da sua alucinada relação consegue visualizar a sua falecida esposa, mas o foco são os sangrentos flashbacks que alimentam a vingança e motivam a busca incessante dos autores da sua infelicidade. O encontro com eles é de violência e morte, mesmo num dos casos em que a morte já se antecipou. O final é patético para quem nutre tanto ódio e no final mesmo ele também não escapa, só sinceramente desejo que não seja uma premonição do fim da carreira do ator.

Classificação: 5 numa escala de 10

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