Sinopse
Neste
thriller frenético, Christian (Nikolaj Coster-Waldau), um polícia de Copenhaga,
procura justiça pelo assassinato do seu parceiro às mãos de um membro do Estado
Islâmico, Tarzi Ezra.
Num mundo
assolado pelo terror e pela suspeita, Christian e Alex (Carice van Houten),
colega e amante do seu falecido parceiro, partem numa missão para capturar
Ezra, mas são involuntariamente apanhados num jogo de perseguição com um agente
duplo da CIA (Guy Pearce), que usa Ezra para aprisionar outros membros do EI.
Das cidades geladas da Escandinávia às paisagens
ensolaradas de Espanha, desenrola-se uma batalha de forças opostas, tecida pela
experiência do realizador Brian de Palma (“Missão: Impossível”, “Scarface - A
Força do Poder”, “Os Intocáveis”)
Opinião
por Artur Neves
Brian de Palma é um
realizador com pergaminhos cinematográficos dos quais destaco o excelente
“Vestida para Matar” de 1980, “Testemunha de um Crime” de 1984 ou “Mulher
Fatal” de 2002, assumindo aqui uma clara discrepância com as referências
indicadas pelo autor da sinopse que no meu entendimento não são os mais
relevantes, muito embora reconheça que “Missão Impossível” de 1966 possui o argumento
melhor arquitetado de toda a saga. Seja como for, Brian de Palma possui boas
construções cinematográficas em filmes com boas histórias, suspense intenso e credibilidade na ação, mas essas caraterísticas não
se encontram no presente filme.
O argumento apresenta
elementos estranhos para o género, construído como um melodrama entre dois
polícias dinamarqueses, que entre a caça a terroristas e trabalhos de polícia,
têm um caso entre si que vai dar “frutos” em nove meses e justificar um
divórcio… tudo bem, isso poderia acontecer, mas numa história de terrorismo do Daesh, com mártires bombistas, decapitações
de jornalistas utilizando imagens reais e a CIA numa missão dupla, uma love story dos agentes de segurança é no
mínimo insólita.
O argumento parece amputado
de alguns elos de ligação que dariam maior entrosamento a toda a história,
talvez por imperativos de duração. Por outro lado, sendo a produção dinamarquesa
e os dinamarqueses tão explicitamente de esquerda é normal que a história
insira crítica política, numa altura em que os USA atravessam o período conturbado
da presidência de Trump, mas não parece que Brian de Palma se preocupe muito
com isso porque o foco em que ele se centra é na filmagem subjetiva dos eventos
que nos mostra.
Veja-se por exemplo a cena
do assassinato na passadeira vermelha do Festival de Cinema da Holanda. Nós vemo-lo
como se estivéssemos a assistir ao festival, com a tela dividida em duas partes,
em que numa temos o assassinato e na outra a reportagem. Para mim significa que
matar infiéis é objetivo dos terroristas, mas assustar as pessoas que vêm o
festival pela TV é um terror ainda maior. Creio que Brian de Palma só está a
refinar o terror transmitido em “Testemunha de um Crime”, só o ambiente é que é
outro.
A cena em que Christian,
impotente, assiste à morte iminente do seu parceiro de equipa, considerando que
ele é corresponsável pelo seu estado encerra o desamparo e a solidão decorrente
do seu imperdoável esquecimento e isso só tem paralelo em “Mulher Fatal”, relembrando
todavia outros momentos de; “A Fúria”, ou “Explosão”, de 1978 e 1981
respetivamente, mas não sendo pormenores relevantes para este filme que se
deveria centrar em questões mais abrangentes e motivadoras da ação.
Não vou falar do mártir na
tourada, em que o seu sacrifício é filmado por um drone e rejubilado pelo seu fanático
mentor, cujo objetivo deveria ser o seu suicídio com as consequências previstas
e não o contratempo para a sua realização. São estas questões que fazem com que
Domino nunca se sinta como um filme inteiro. De tudo isto ressalta um filme
algo esdruxulo, com pormenores interessantes, sim, mas que depende de um ato de
vontade para ser visto.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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