Sinopse
A Vigilante –
Sadie, (Olivia Wilde) uma mulher vítima de violência doméstica, dedica a sua
vida ao auxílio de outras mulheres vítimas do mesmo tipo de abuso.
Enquanto
procura localizar o seu marido para o matar e então ser verdadeiramente livre.
A Vigilante é um thriller inspirado pela força e
bravura de vítimas reais de violência doméstica e pelos inacreditáveis
obstáculos à segurança que as mesmas enfrentam.
Opinião
por Artur Neves
Denunciar a violência
doméstica e utilizar o cinema para divulgar o seu combate e reiterar o direito
que ambos os cônjuges possuem em usufruir de uma vida em comum, harmoniosa e
profícua. Incitar a mulher, como sendo a vítima mais frequente, a denunciar as
sevícias de que é alvo no interior da sua casa é uma boa utilização do cinema
em defesa de um problema social que se vem divulgando com uma frequência indesejável.
Considerar como exemplo de
solução a existência de uma vingadora, “A Vigilante” na figura de uma mulher
durona, combativa, embora também abusada, o que a transforma em juíza em causa
própria, como a repositora dos direitos violados, através de justiça executada
pelas próprias mãos, é outra coisa muito diferente e significa passar-se para o
extremo oposto do problema. Constitui uma abordagem justicialista tão nefasta, equivalente
a ação legal da justiça a que temos assistido diariamente no nosso país.
A figura do vigilante justiceiro
(no cinema existem também “vigilantes” de outro cariz) tem origem no cinema
americano na década de 40 e teve o seu ponto alto na década de 70 com o ator
Charles Bronson (num personagem que se lhe colou à pele) no filme; “O
Justiceiro da Noite” de 1974, que fez escola noutros filmes da mesma década.
Nesta história Sadie é uma
feminista que se dedica à defesa de mulheres em risco de vida, destruindo os
homens que as maltratam e de caminho também faz uma perninha como defensora de
crianças e de todos os que justificadamente recorram aos seus serviços. Todavia
ela só salva, não trata, os miúdos que ficam abandonados por ela castigar os
pais que os maltratam têm de posteriormente dirigir-se aos serviços da
segurança social porque a companhia dela é perigosa, considerando que ainda tem
de matar o marido que a maltratou e que num acesso de fúria, para lhe causar
mais sofrimento, ainda matou o filho de ambos.
O parágrafo anterior resume
o argumento desta história e será o que vamos assistir durante os 90 minutos do
filme até finalmente confrontar o ex-marido (Morgan Spector) um mercenário com
aspeto genuinamente selvagem que a deixou quase morta, matou o filho e desapareceu,
impedindo-a de acionar o seguro de vida. No primeiro encontro o ex-marido ainda
consegue manietá-la, mas no segundo, com um braço partido, ela trata-lhe da
saúde de vez.
Com menos conversa e de
outro modo mais credível, já Jennifer Lopez tinha lá chegado primeiro, em 2002 no
filme “Basta” de Michel Apted, prestando um melhor serviço à causa,
representando de forma mais angustiante para a mãe e para o filho, o drama da violência
doméstica e o terror da vítima face ao seu algoz.
“A Vigilante” vale assim
pelo tema que aborda, mas apresenta inúmeras fragilidades de forma e contem
diversos clichês inerentes ao género.
Não é que isso seja um mal em si mesmo, mas amortece o impacto dos maus tratos
domésticos numa altura em que o tema se reveste duma atualidade gritante. No seu
género, Olivia Wilde ainda nos pode oferecer mais do que isto.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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