Sinopse
Marco
(Javier Gutiérrez) é o treinador assistente de uma das melhores equipas de
basquetebol da liga espanhola. Um dia, após uma discussão com o treinador
principal da equipa, resolve afogar na bebida as suas frustrações pessoais e má
atitude, acabando por se envolver num acidente de automóvel que o leva a
tribunal.
Como
consequência, perde o emprego, a namorada, e a sua sentença é também o pior
castigo possível para o seu ego: treinar um grupo de jogadores com deficiências
intelectuais, que nunca antes haviam tocado numa bola.
Mas através da sua inocência, ternura e muito bom
humor, serão estas pessoas que vão ensinar a Marco o que realmente interessa.
Eles são os verdadeiros Campeões da Vida.
Opinião
por Artur Neves
Já algum tempo que tenho
verificado algum ascendente na cinematografia espanhola que se tem vindo a
modernizar, largando algum provincianismo de forma (que infelizmente ainda não
abandonou o cinema Português, embora comece a ver-se algumas novidades) e
abalançando-se em temas universais, tal como neste filme em que aborda a
exclusão por deficiência duma forma divertida e alegre, embora saturada de
clichês e recheada de manipulação sentimental.
“Campeones” alega que ninguém
é perfeito, todos temos os nossos defeitos, só que alguns são mais evidentes do
que outros que têm a possibilidade de os esconder e assim viver sem a censura
ou exclusão social, como no caso desta equipa de basquetebol composta por
atletas com a síndrome de Dawn e insuficiência intelectual generalizada.
Todo o conjunto de atores
envolvidos sofre desta síndrome, embora com diferentes tipos de deficiência
dominante, pelo que pode imaginar-se o grau de dificuldade em realizar um filme
destes, semelhante à dificuldade do nosso herói, Marco, o treinador da equipa, que
manifestando alguma resistência inicial em assumir o seu papel, consegue levar esta
equipa improvável à final do campeonato.
Evidenciando as diferenças
particulares de cada atleta, de cada pessoa, através dos seus tiques, das suas fobias,
ou das suas preferências, no contexto do basquetebol e enquadrado por um espírito
de comédia de narrativa simples e evidente, Javier Fesser consegue confrontar o
espectador com os seus próprios preconceitos sobre a aceitação da deficiência nas
diferentes ocupações da vida corrente, embora tratando-os sempre com declarada condescendência
de forma a amenizar as suas diferenças.
O importante, é conseguir o
sorriso e a lágrima furtiva, num ritmo que caracteriza todo o filme como normal
(dentro daquela anormalidade que não interessa enfatizar) e sensível para
aquelas pessoas tão diferentes, que ganham vida e autênticas vitórias de inserção
social, somente pelo facto de estarem juntas e de partilharem em conjunto os
objetivos do centro social que os acolhe.
Compreende-se que a intenção
de “Campeones” seja boa e tente cativar o público pelo lado emotivo para o qual
faz uso de vários gags visuais e
sonoros que lentamente nos vão cativando, embora sem nunca deixarmos de ver as
nobres intenções que estão por detrás desta obra, que por mais doces que se
apresentem nunca validam comportamentos de verdadeiros campeões.
Este filme foi o embaixador
Espanhol aos óscares, na qualidade de melhor filme estrangeiro, embora não
tendo sido qualificado como tal, não obstante o sucesso que fez em Espanha e
noutros países onde foi exibido com vozes dobradas. É todavia um filme com bons
momentos de comédia, um drama “amor de cordel” entre o treinador e a sua mulher
e que servirá para rir moderadamente se conseguir não pensar muito no contexto
envolvente.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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