13 de junho de 2019

Opinião – “Billy The Kid – A Lenda” de Vincent D'Onofrio


Sinopse

Rio (Jake Schur), é obrigado a percorrer o sudoeste americano numa tentativa desesperada para salvar a irmã (Leila George) do cruel tio (Chris Pratt). Pelo caminho, encontra o xerife Pat Garrett (Ethan Hawke), que persegue o infame fora-da-lei Billy the Kid (Dane DeHaan). Rio envolve-se cada vez mais nas vidas dessas duas lendárias figuras, no culminar deste jogo de gato e rato, durante o último ano de vida de Billy the Kid. Por fim, Rio é forçado a escolher o tipo de homem que vai ser, um fora-da-lei ou um homem honrado, e usará essa tomada de consciência num ato final para salvar a sua família.

Opinião por Artur Neves

Os Westerns não são muitos frequentes nos tempos que correm. Foram quase um tema obrigatório nas décadas de 60 e 70 e fizeram carreira, porém a sua degradação começou com o chamado western spaghetti de baixo orçamento e rodado em Itália e no sul de Espanha. Como tal, quem se propõe fazer um western em 2019, deveria ter obrigatoriamente alguma coisa para contar.
Vicente D’Onofrio, ator e realizador desta história clássica, traz-nos aqui uma abordagem curiosa, considerando que, envolvendo uma histórica lenda do velho Oeste americano, a luta sem quartel entre o xerife Pat Garrett e o seu bandido de eleição; Billy the Kid, mostra-nos apenas a fase da sua captura, os motivos da perseguição são inerentes à justiça praticada “por decreto” por Pat Garrett, ao serviço de um mau exemplo, para um espírito em formação personificado em Rio, um rapaz de 14 anos que mata o pai no momento em que este maltrata a sua mãe com socos e pontapés com intenção expressa de lhe provocar a morte.
O encontro entre Billy the Kid e Rio é acidental, durante a fuga deste com sua irmã após a morte do pai, mas apresenta-nos um Billy the Kid filosófico, introspetivo, algo moralista sobre o sentido da vida e do erro cometido por ele sobre a vida de crime que levou até aquele dia. Para Rio, Billy torna-se um modelo e um ídolo mas com o reconhecimento deste sobre a sua má conduta, temos um exemplo pela negativa para um espírito em formação e em fuga de uma má ação praticada em legítima defesa e para defesa da sua irmã.
Com uma história destas este filme não pode ser um clássico, muito pelo contrário, Rio significa aqui o “papel em branco”, onde através dos exemplos de Billy filosófico e de Garrett rígido moralista, seguidor da dura lei do oeste que ele jurou defender, se escreve, quiçá por linhas tortas, o lado direito da vida e do cumprimento do dever. Por acaso a “lição” fica-se pelo direito, descartando as falsas lições moralistas recheadas de metáforas religiosas. D’Onofrio não foi por aí e eu agradeço-lhe.
Este filme, baseado no livro de Andrew Lanham, “The Kid”, apresenta-nos uma série de clichés sobre comportamentos humanos, embora sem qualquer originalidade sobre o seu desenvolvimento. Tem momentos curiosos, tal como o enforcamento a que Rio assiste e o crescimento acelerado que isso implica, bem como, a punição da violência doméstica tão em voga nos tempos atuais. Decorrente disso e da sua especificidade diferenciadora do género, merece ser visto.

Classificação: 6 numa escala de 10

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