Sinopse
Daniel Bae
(Charles Melton) e Natasha Kingsley (Yara Shahidi) conhecem-se — e apaixonam-se
— durante um dia mágico na cidade de Nova Iorque. A atração é imediata entre
estes dois desconhecidos que talvez nunca se tivessem encontrado, se o destino
não lhes tivesse dado um empurrãozinho.
Mas será o
destino suficiente? Restam apenas algumas horas a Natasha antes de ser
deportada dos EUA juntamente com a família. Natasha luta contra a expulsão da
sua família com tanto empenho como luta contra o que começa a sentir por
Daniel, que se empenha tanto como ela em provar-lhe que estão destinados a
ficarem juntos.
“O Sol Também é Uma Estrela”, uma história moderna
sobre encontrar o amor contra todas as probabilidades, explora se as nossas
vidas são determinadas pelo destino ou pelos acontecimentos aleatórios do
universo.
Opinião
por Artur Neves
Esta é uma história de amor
improvável porque ela é racional e cética e ele um romântico inveterado que
acidentalmente se encontram em Nova Iorque, enquanto ela esgota os últimos cartuchos
para impedir a deportação com a família para a Jamaica de onde são originais.
Ele é um potencial estudante de medicina Coreano, sem gosto nem vontade pelo
assunto porque quer tornar-se poeta e ela, uma estudante de ciências que não
acredita em nada que não possa ser medido ou pesado, fazendo jus ao seu
pragmatismo genético.
O “empurrãozinho do destino”
mencionado na sinopse, refere-se ao facto de ele a ter salvo de ser atropelada
por um carro enquanto deambulava, absorta, pelas ruas a caminho duma entrevista
com o advogado de imigração e ativista dos direitos dos imigrantes; Jeremy
Martinez (John Leguizamo), do qual obteve poucas esperanças. Após nove anos de permanência
clandestina nos USA, está a 24 horas do voo de deportação que a retornará à
Jamaica e terminará o sonho de se formar em ciência astronómica.
Este filme tem como base o
romance “YA” de Nicola Yoon (que Nicholas Sparks não enjeitaria pois é bem ao
seu estilo) que conta uma história semelhante em; “Antes do Amanhecer”, escrito e
realizado por Richard Linklater em 1995. Em ambas, o tema do amor sem futuro constitui
o cerne das duas abordagens e os tempos diferentes em que ambos foram realizados
condiciona o contexto em que se verificam, embora as conversas, as trocas de
olhares significativos e o desfrute da presença comum entre os apaixonados seja
uma constante.
“Antes do Amanhecer” é um
bom filme, com densidade dramática e humor sofrido, “O Sol Também é uma Estrela”
nem tanto, pese embora o facto de conter uma crítica subliminar à falta de
apoio à imigração, mesmo quando esta já tem algum tempo de permanência no país,
inserindo-se portanto na problemática atual da imigração para os USA no
consulado de Trump.
Para agradar ao seu público-alvo,
o filme contém todos os indicadores do mesmo destino carrasco que os uniu e os
irá separar em despedidas lacrimosas e promessas de amor eterno que os reunirão
num tempo não previsto nem previsível, porque amor que se preza quer-se sofrido
e doloroso para melhor usufruir das alegrias do reencontro futuro. Não sei
porque tem de ser assim, mas é assim que é e não há realizador que fuja ao figurino
do drama romântico para induzir no espectador o trauma da separação e fazê-lo
sentir o miserabilismo da existência humana.
Outro lugar-comum é a insistência
no destino que vai servir de âncora a diferentes eventos desde que os
apaixonados se encontram pela primeira vez. Isto confere uma predestinação à
história, que cai bem em alguns públicos, mas que restringe a universalidade do
amor a um condicionamento externo não controlável. O filme vive também à custa
dos atores, que embora novos, exibem um carisma natural que salva a
representação. Deles decorre o mérito da classificação indicada.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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