28 de junho de 2019

Opinião – “Homem-Aranha: Longe de Casa” de Jon Watts


Sinopse

Após os eventos de “Vingadores: Endgame”, o Homem-Aranha vê-se obrigado a dar um passo em frente e encarar novas ameaças num mundo que mudou para sempre.

Opinião por Artur Neves

Depois do cataclismo que se abateu sobre a terra em “Vingadores – Endgame”,em que os principais heróis foram mortos sem ressuscitação possível (palavra da Marvel) esta, só tem que recuperar a sua aura, reciclando um herói que “nasceu” na década de 60 e granjeou até hoje largos milhões de dólares nos vários suportes em que foi apresentada ao público, vista, revista, amada e desejada por uma camada jovem que se presta a sonhar com justiça igualitária e poderes absolutos sobre o mal, esquecendo-se que cada um encara o “mal” (ou o “bem”) á sua maneira e de acordo com as suas experiencias.
Desta vez e para dar a entender um recomeço em grande, a Marvel filmou nas principais capitais europeias sob uma pressuposta viagem de fim de ano escolar para Peter Parker (o nome público do anónimo Homem-Aranha interpretado por Tom Holland, que já tirou assinatura para os super-heróis) e seus colegas de turma, onde por “coincidência”, vão ocorrer os ataques destrutivos dos vilões que ele irá combater. Um dos problemas a resolver para já será manter o anonimato na escola e salvar o mundo da destruição que o ameaça.
Mas ele não está sozinho, além do seu chefe de missão Nick Fury (Samuel L. Jackson) aparece agora um tal Mysterio (Jake Gyllenhaal) a ocupar o lugar de mentor, deixado vago pelo Iron Man (Robert Downey Jr.) e o pelo resto dos vingadores que foi cada um à sua vida individualmente. No lado sentimental temos Michelle Jones (Zendaya) a apaixonada secreta para quem Peter Parker não encontra jeito de se revelar, apesar de pensar nisso e projetar encontros no cimo da torre Eiffel, mas os acontecimentos não o permitem. Ambos são jovens e românticos e exibem a tradicional falta de jeito na adolescência que potencia algumas cenas “gagas” muito comuns em filmes de amor tradicionais.
Para movimentar a história, vários twists surgem na aventura e Mysterio não é bem somente o herói com a cabeça metida num aquário e uma capa vermelha que salva as situações, mas antes um personagem multidimensional que não é bem o que parece. Peter Parker acha que seria a ele que lhe deveria caber a luta contra os quatro elementos que ensombram o mundo, mas a realidade não é essa e o aluno do ensino médio tem de dar o corpinho ao manifesto na pele do Homem-Aranha, muito embora ele queira somente gozar as férias no estrangeiro como os outros colegas.
A certa altura Mysterio diz que; “As pessoas precisam acreditar e cabe-nos a nós dizer-lhes em quê” que para mim resume o fundamento da revitalização dos heróis da Marvel neste filme. Com uma história mais composta que embora se sirva de homens voadores, raios de energia a sair pelos punhos, drones maliciosos e toda a panóplia da tecnologia moderna, não se esgota aqui e consegue com outros personagens herdados da história inicial, tal como; a tia May (Marisa Tomei) que personifica um objeto de desejo em várias cenas, ou Ned (Jacob Batalon) como o amigo do peito e confidente de Peter, com quem ele partilha os seus desejos mais secretos, conferir ao filme uma vertente mais humana e reconhecida que outros filmes do mesmo género perderam completamente.
Parece que o objetivo é continuar por este caminho, pois Peter é ainda um jovem com muito para dar ao personagem. No caso de o leitor optar por assistir a este filme, informo que a Marvel inseriu cenas depois dos créditos finais. Elas não são despicientes, pois indiciam algumas pistas para os próximos capítulos.

Classificação: 7 numa escala de 10

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