Sinopse
“Um ato de
Fé” baseia-se na história real do amor inabalável de uma mãe confrontada com
probabilidades impossíveis. Quando o filho adotivo de Joyce Smith, John, cai
num lago gelado do Missouri, toda a esperança parece perdida. Mas, enquanto
John permanece no hospital em como profundo, Joyce recusa-se a desistir.
Inspiradas
pela convicção inabalável de Joyce, todas as pessoas à sua volta continuam a
rezar pela recuperação de John, apesar dos prognósticos adversos e historiais
clínicos.
Do produtor DeVon Franklin (“O Nosso Milagre”) e
adaptado ao cinema por Grant Nieporte (“Sete Vidas”) a partir do próprio livro
de Joyce Smith, “Um ato de Fé” é um filme cativante que nos vem relembrar que a
fé e o amor podem erguer uma montanha de esperança e, às vezes, até mesmo um
milagre.
Opinião
por Artur Neves
Consultando diversos relatos
científicos sobre o efeito da privação de oxigénio ao cérebro encontra-se que;
um tempo de 3 a 6 minutos é o máximo suportável sem danos físicos permanentes. Depois
de 10 minutos é inevitável a ocorrência de danos neurológicos graves. Mais de
15 minutos não há registo de sobrevivência do ser humano à privação da normal
oxigenação cerebral.
Todavia, este filme conta a
história de John Smith, um adolescente guatemalteco adotado por uma família do
Missouri, que em 2015 sofreu um acidente de queda num lago gelado, depois da
imprevista quebra da superfície gelada. O evento foi noticiado por jornais da
época, mencionando que o rapaz terá ficado submerso 15 minutos antes de ser removido,
inanimado, pela equipa de resgate. Foi assistido no local e ao fim de 45
minutos sem pulsação cardíaca, a equipa médica que o assistiu no hospital estava
preparada para declarar o óbito. Isso não aconteceu porque entretanto o rapaz
recuperou, ficou em coma 28 dias e depois acordou, não tendo evidenciado
quaisquer sequelas físicas ou mentais.
Creio poder concluir-se
estar em presença de um caso extraordinário para o qual não temos qualquer
explicação racional, que foi aproveitado pelo “Evangelho segundo S. Hollywood” para
construir um filme evocativo da fé espiritual e da intervenção divina para
cativar os crentes que generosamente deixarão o “ouro” na bilheteira. É uma
forma simples e direta de colocar a fé contra a ciência médica e com isso “provar”
a existência de Deus ou de qualquer transcendência mística, tenha ela o nome
que tiver.
Claro que ninguém questiona
porque é que Deus só interveio ao fim daquele tempo de sofrimentos para a mãe e
de consternação para toda a comunidade solidária. Ou então porque é que Deus
não evitou a quebra do gelo? Ou porque é que, depois de ele ter caído, saiu da
vista da equipa de resgate e só foi salvo em último lugar? Será que estamos em
presença de um Deus castigador que faz sofrer os que o veneram para justificar
uma maior submissão à sua arbitrariedade?...
Reconheço que isto já são
considerações que extravasam o motivo desta crónica, mas não posso deixar de as
mencionar como apreciação deste tipo de filmes cristãos, baseados em casos reais,
que sobrevalorizam o poder da oração e nos querem impressionar com a persistência
de uma mãe “feroz”, cheia de fé, que se mostra inamovível no seu desejo para
que o filho volte à vida a todo o custo.
Do ponto de vista
cinematográfico o filme até está bem conseguido, com boas performances, por
atores com qualidade que geram um ambiente dramático e credível mas
simultaneamente pergunto-me qual será o público-alvo desta história. Para os cristãos
fieis, acreditar em milagres é já um lugar-comum e não lhes mostra nada que
eles não estejam convencidos que sabem. Para os outros só lhes deve causar
perplexidade, tal como para mim, que me escuso a classificar uma obra que pretende
transformar um evento extraordinário e desconhecido num milagre declarado.
Classificação: _ numa escala
de 10
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