Sinopse
Crónica da
vida criminosa de Ted Bundy a partir da perspectiva de Elizabeth Kloepfer, a
sua namorada de longa data. Ted (Zac Efron) é atraente, inteligente, carismático
e carinhoso. Liz (Lily Collins) não consegue resistir aos seus encantos. Para
ela, Ted é o homem perfeito.
Até ao dia
em que a felicidade e a vida perfeita do casal são quebradas para sempre.
Ted é preso
e acusado de uma série de terríveis assassinatos.
A preocupação depressa dá lugar à paranóia e, à medida
que as provas se acumulam, Liz é obrigada a enfrentar a verdade: o homem com
quem partilha a vida pode realmente ser um psicopata.
Opinião
por Artur Neves
A história contada neste
filme é um thriller biográfico sobre
Ted Bundy, baseado num livro publicado em 1981, de autoria da sua namorada Elizabeth
Kloepfer sob o pseudónimo de Elizabeth Kendall e com o nome de: The Phanton
Prince: “My Life with Ted Bundy”. No filme este personagem é representado por
Liz Kendall (Lily Collins) na qualidade de mãe solteira quando conhece Ted e sucumbe
aos seus encantos desde o primeiro encontro.
O realizador e produtor
deste filme Joe Berlinger, que tem desenvolvido a sua carreira, mais como
documentarista do que ficcionista, é também o autor de uma série documental de
quatro episódios sobre este mesmo assunto, emitida pela Netflix em Janeiro de 2019,
designada por: “Conversas com um Assassino: As gravações de Ted Bundy”.
Talvez devido a isso todo o
relato assume um papel documental dos factos ocorridos mas que realmente não se
conhecem, porque além dos cadáveres e dos corpos decepados, bem como das provas
circunstanciais carreadas pela acusação, nada há que prove insofismavelmente a
autoria dos assassinatos. Só depois de condenado e já no corredor da morte é
que ele confessa a autoria de trinta dos crimes de que é acusado.
Aliás, a suspeita que dá
origem à incriminação de Ted Bundy (Zac Efron) parte de uma denúncia da própria
namorada, quando ao ver na televisão um retrato robot feito com a ajuda de uma vítima do presumível autor do
atentado a que foi sujeita, reconhece nele o amor da sua vida e denuncia-o como
compensação para a sua profunda desilusão.
Quanto á personalidade de
Ted, nada nos é apresentado. Ele é um homem bem-parecido, bem-falante, com
argumentos elaborados que frequentemente chocam de frente com a postura dos
seus advogados e motivam a rotura com estes, exerce influência em todas as
mulheres com quem contacta, enche a sala de audiências do tribunal com mulheres
jovens que vêm assistir ao julgamento, eventualmente para sentirem a presença
do perigo a que não foram sujeitas, mas não há no filme uma única palavra, ou
justificação, para as suas motivações profundas.
Por outro lado, ao
apresentar apenas o lado factual dos atos de um assassino em série,
apresentando-o como perseverante e sonhador, para lá de sua cativante boa-aparência
só serve para relevar de alguma forma, a sordidez dos seus crimes e o carácter desequilibrado
do espírito que lhe deu origem. Adicionalmente, este julgamento foi transmitido
em direto na televisão da época, o que transformou em espectáculo um monstruoso
assassinato de mulheres.
Sublinha-se ainda a montagem
exemplar das cenas que ao mostrar em paralelo a actualidade com o passado,
introduz uma dinâmica no relato que a apresentação seca dos factos não poderia
conferir. Interessante.
Classificação: 6 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário