28 de maio de 2019

Opinião – “Segredos do Passado” de Francesco Cinquemani, George Gallo


Sinopse

Inspirado nos clássicos de film noir, Segredos do Passado conta a história de Carson Philips (John Travolta), uma antiga estrela de futebol americano que agora sobrevive como detetive privado. Após aceitar um banal caso de pessoa desaparecida, é obrigado a regressar à sua terra natal, onde se vê envolvido numa complexa rede de crimes e assassínios. Quando descobre que a sua filha é um dos principais suspeitos, vai ter que entrar nos segredos mais perigosos e obscuros da cidade, de modo a conseguir provar a sua inocência.

Opinião por Artur Neves

É uma inspiração num verdadeiro film noir, tão completa que durante o visionamento frequentemente me acudia à mente o ambiente criado em “Noites Escaldantes” de 1981 de Lawrence Kasdan. Não é que a história se compare ou sequer se assemelhe, mas a cidade, as relações entre as pessoas, o secretismo e a dicção Texana arrastada dos protagonistas, sugere a languidez do romance tórrido entre William Hurt e Kathleen Turner (nos seus bons tempos) numa noite de calor e morte.
A história está bem conseguida, com base no romance de Richard Salvatore que também escreveu o argumento para a realização de George Gallo que todavia não tem neste filme o seu melhor trabalho.
O enredo promete mistério, sublinhado pela narração em off do protagonista, Carson Phillips (John Travolta) detective privado, que aceita um trabalho que o faz regressar ao lugar da sua juventude e donde tinha fugido, deixando tudo e todos com quem depois de vinte anos tem de se confrontar. Até o único amor da sua vida foi abandonado nesse tempo.
Todo o elenco é conhecido e de respeito pelas suas realizações anteriores, mas aqui, talvez pela característica de film noir, e pelo tom arrastado da história parecem mais preguiçosos do que misteriosos na interpretação de uma história que noutros tempos deste elenco poderia rivalizar com “Noites Escaldantes” considerando que mistério e twists do argumento não lhe faltam. Mas não, parecem todos um bocado cansados, apesar de empenhados em cumprir o contrato. Eles constroem a atmosfera de segredo e de mistério mas sem a pitada de suspense necessária para inspirar ao espectador o investimento emocional, que talvez justifique a minha deriva para “Noites Escaldantes” durante a segunda metade do filme.
Nesta obra até os atores secundários são de primeira água, Doc, (Morgan Freeman) está muito bem como o “patrão” da cidade, detentor do poder, da polícia e dos negócios. Jayne (Famke Janssen) com a sua beleza serena constrói uma “mãe galinha” com garras de falcão credível e sofredora. (Brendan Fraser, o herói das “Múmias”) constrói um Dr. Miles Mitchell alienado, grosseiro e viciado em drogas que sucumbe no reconhecimento das suas faltas.
Portanto parece que temos tudo… falta apenas a centelha que incendeia as emoções e isso faz toda a diferença, todavia, não é para passar ao lado.

Classificação: 5,5 numa escala de 10

Sem comentários: