30 de maio de 2019

Opinião – “Pequenas Mentiras entre Amigos 2” de Guillaume Canet


Sinopse

Três anos depois dos acontecimentos relatados em “Pequenas Mentiras entre Amigos”, o grupo de amigos reencontra-se, pela primeira vez desde essa altura, agora por ocasião da festa de anos surpresa de Max. A viver uma crise de meia-idade, Max refugia-se na sua casa à beira-mar, à procura de isolamento. Quando os amigos – que ele não vê há mais de três anos – aparecem de surpresa para festejar o seu aniversário, a sua surpresa é genuína, mas o acolhimento nem por isso...
Já todos quase com cinquenta anos, seguiram cada um o seu caminho e o distanciamento entre eles é bem notório. Os filhos cresceram, entretanto nasceram outros, os pais já não têm as mesmas prioridades... As separações, os acidentes da vida.... É neste contexto de amizade fragilizada e de acerto de contas que vêm à superfície antigas questões, mágoas e dúvidas. Será que a amizade irá superar estes novos desafios?

Opinião por Artur Neves

“Os Amigos são para as Ocasiões” poderia ser um subtítulo deste filme que se apresenta como a continuação do primeiro com o mesmo nome. São os mesmos atores, nas mesmas famílias que ainda perduram ou desfeitas, que se encontram em condições semelhantes na casa de férias de Max (François Cluzet) o amigo rico, que atualmente tem mais problemas do que fortuna. Na realidade há um intervalo de nove anos ente ambos os filmes que na ficção da história se reportam a três, todavia o tempo aqui é irrelevante porque os eventos relatados em ambos são intemporais e constantes na vida de todos nós. Se considerarmos que os atores são os mesmos em ambos os filmes e que cronologicamente envelheceram nove anos entre os dois trabalhos seria mais real considerar este o intervalo entre ambos os episódios.
A história mostra como somos todos “ilhas” no oceano de pessoas de que fazemos parte. Nesse oceano constituem-se “arquipélagos” que fixam a posição relativa entre algumas “ilhas” pela amizade das ligações que se estabelecem e sejam quais forem as tempestades que ocorram no oceano de pessoas, o “arquipélago” subsiste mediante a riqueza da amizade e do amor que os ligou. Nem sequer é necessário estar sempre presente para manter essa amizade, é necessário sim, é estarmos presentes quando os outros precisam de nós.
No “arquipélago” cada ilha é uma entidade indivisível, tal com aqui neste grupo de pessoas com interesses diversos, percursos, tendências e opções sexuais diferentes que se revêm para conviver, recordar amores e desamores, carpir suas mágoas, ajudar-se nos momentos dramáticos, ou redescobrir-se em ligações que pensavam estar extintas. É a vida em espetáculo, é a vida em representação pois em todos nós na relação com os outros, haverá episódios, gentis ou grosseiros, em que nos revemos nos atos que observamos na tela.
Durante 135 minutos permitimo-nos observar um microcosmos de relações, sentimentos e atos que conhecemos porque poderiam ser os nossos, no nosso “arquipélago”.
O filme basta-se a si próprio embora inclua referencias a factos desenvolvidos no primeiro filme que não são necessários conhecer para o compreender, todavia, no conjunto global desta história é interessante conhecer este grupo 10 anos antes, pelo que recomendo o visionamento do primeiro filme em DVD.

Classificação: 7 numa escala de 10

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