Sinopse
Em 1789, um
povo começa a revolução. Ouçam-no. Ele tem algo a dizer-nos.
UMA NAÇÃO,
UM REI cruza os destinos de mulheres e homens do povo e de figuras históricas
como Robespierre, Marat, Desmoulins ou Danton. O lugar de encontro é a nova
Assembleia Nacional.
No coração
da História, encontramos a queda do rei Luis XVI e o nascer da República.
A liberdade tem uma história. Ouçam-na.
Opinião
por Artur Neves
Neste filme pretende
contar-se a história da Revolução Francesa iniciada em 1789, até à morte do rei
Luís XVI em 1792 e a subsequente implantação da república no mesmo ano. Não se
pode dizer que não seja um projeto ambicioso, todavia a obra em presença enferma
do defeito do tipo de comunicação panfletária utilizada, suficiente para quem
tem conhecimento do assunto mas inadequada para quem lhe é apresentado o evento
pela primeira vez.
Não questiono o rigor
histórico de que o filme se revesta na apresentação dos factos inerentes e esse
marco de civilização e cultura europeia, referindo as datas das etapas mais significativas
da revolução, bem como o nome de todos dos principais deputados envolvidos e os
nomes dos votantes que condenaram o rei à morte por guilhotina, mas
lamentavelmente é tudo apresentado como que de um postal ilustrado se tratasse,
tal é a ligeireza e a brevidade com que os eventos são documentados.
É o que eu chamo uma
história a duas dimensões. Os personagens são-nos apresentados sem espessura,
sem densidade dramática ou credibilidade de qualquer outra espécie para que
sejamos informados das suas razões e dos seus motivos. Claro que se sabe que a
revolução teve origem num levantamento popular em busca de melhores condições
de vida, e contra a aristocracia reinante e os seus privilégios feudais, mas só
superficialmente é que nos são apresentadas as suas dificuldades e as suas
dores.
Luis XVI era casado com
Maria Antonieta que também teve um papel preponderante na rebelião popular que
conduziu à Revolução Francesa, mas sobre ela o filme nem lhe cita o nome, nem a
influência nefasta que teve sobre o marido a favor dos interesses económicos e políticos
da sua família austríaca da casa dos Habsburg, além de ser reconhecidamente
gastadora e promíscua, outro aspeto sobre o qual a história que nos é contada
no filme é completamente omissa. Sobre Luis XVI, sabemos que era um rei fraco,
mas o filme vota-o ao mais completo ostracismo descaracterizando completamente
o seu papel.
Com o intuito de constituir
um eixo em torno do qual a história se desenrola, a realização de Pierre
Schoeller mostra-nos uma família popular que polariza a oposição ao poder, mas
os seus personagens apresentam-se ao nível de todos os outros figurantes, sem
nome nem expressão, nem qualquer emoção dramática que os destaque ou caracterize.
Todo o filme apresenta-se portanto como um relato documental, representado por
atores que ocupam personagens que não são deles nem estão interessados em
reconhecê-los. São apenas nomes, descontextualizados das suas funções públicas,
palavrosos, que cumprem atos em datas inscritas no próprio filme e que servem como
uma lição de história mal-amanhada porque em nenhum momento lhes são conferidas
as motivações ideológicas que justificaram as suas ações. Cronologicamente é um
relato fiel ao nível do mês em que os eventos se passaram e para essa
particularidade vai toda a classificação atribuída.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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