Sinopse
William
Foster (Keanu Reeves), um neurocientista genial, está quase a conseguir
descobrir o processo pelo qual uma consciência humana pode ser transferida para
um computador. No entanto, no advento desta descoberta científica, a sua
família morre num trágico acidente de carro.
Desesperado
para ressuscitar aqueles que perdeu, William recruta o seu colega cientista Ed
Whittle (Thomas Middleditch) para o ajudar a secretamente clonar os corpos da
família, criando réplicas.
Rapidamente, William depara-se com uma “escolha de
Sofia”, quando se apercebe que apenas consegue trazer três dos seus quatro
familiares de volta à vida.
Opinião
por Artur Neves
O conhecimento para a criação
absoluta de vida é uma velha aspiração humana que tem alimentado obsessões materializadas
pela escrita; Frankenstein, pela devoção a uma entidade desconhecida no âmbito das
religiões e atualmente, pela tecnologia, através da conceção de máquinas mais
ou menos evoluídas semelhantes ao seu criador como nesta história em que se
pretende transferir a consciência de um soldado morto para uma máquina que o
substitua.
Todavia neste filme, a
história torna-se um pouco mais complicada, quando William Foster pretende
redimir-se do brutal acidente que provocou e no qual matou toda a sua família…
exceto ele próprio. O remorso que o assalta leva-o a conseguir uma proeza nunca
alcançada no estado normal do desenvolvimento científico, no laboratório onde
trabalha. E ele faz tudo isso com a mais séria cara de pau que um ator com o
curriculum de Keanu Reeves pode fazer.
Faz a clonagem da família, em
cubas transparentes cheias de líquido, omite as memórias que podem complicar a
plena felicidade da família, pela omissão de um dos membros (cuja escolha ele
realiza com papelinhos dentro de uma tijela de sopa) e exulta de felicidade
pela proeza conseguida como neurocirurgião e como pai de família recuperado do
seu remorso de assassino coletivo.
Nesta altura o leitor já
deve ter pensado para os seus botões: “…mas o que é isto?...” mas não desespere
porque ainda vem pior, quando o chefe do laboratório onde ele trabalha e mais
quatro capangas (de negro vestidos, para impressionar) se revelam malfeitores a
soldo de uma organização com fins maléficos para toda a humanidade que querem o
segredo da “fabricação” (algoritmo… referem eles) para se tornarem nos senhores
do mundo.
Nesta altura, depois de
tantos e tão inusitados eventos, nenhuma preocupação de fundo assalta qualquer dos
intervenientes, nenhuma reflexão sobre a vida remanescente artificialmente
conseguida, nenhuma alteração de estabilidade emocional que os impeça de se
preocuparem em fugir, para termos a inefável perseguição de automóvel inerente
a um filme de ação que se preze.
É lamentável que um filme
que estabelece um fascinante dilema existencial, que toma em mãos uma velha
aspiração da humanidade sobre a criação autónoma da vida, esbanje o tema em
bandidos bons e bandidos maus (nesta história são todos bandidos incluindo o
argumentista) e tente resolver a angústia da provocação da morte como se fosse
uma questão culinária de mais ou menos sal. Salva-se a fotografia e alguns
efeitos especiais, sendo para eles toda a classificação atribuída.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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