Sinopse
O Dia a Seguir Passa-se na Alemanha do pós-guerra em
1946. Rachael Morgan (Keira Knightley) chega às ruinas de Hamburgo, num inverno
rigoroso, para se reunir com o seu marido Lewis (Jason Clarke), um coronel
britânico encarregado de construir a cidade destruída. Mas quando eles partem
para a sua nova casa, Rachael surpreende-se ao descobrir que Lewis tomou uma
decisão inesperada: o casal irá dividir a mansão com os seus anteriores donos,
um viúvo alemão (Alexander Skarsgard) e a sua filha problemática. É nesta
atmosfera pesada, que a inimizade e tristeza dão lugar à paixão e traição.
Opinião
por Artur Neves
O tema não se pode
considerar como inédito, já outros filmes utilizando diferentes abordagens têm
contado histórias de amor em tempo de guerra e mesmo no pós-guerra como neste
caso, só que os melhores não escolhem a saga novelesca, kirsch e previsível deste, pese embora a qualidade dos atores que
desempenham os personagens envolvidos.
Por outro lado na nossa
história há o facto insólito da partilha da habitação com o “inimigo” embora
este “inimigo” se apresente educado, apresentável, civilizadamente sóbrio e de
boas maneiras e assim ser capaz de somente com a sua presença e as suas palavras
preencher o vazio deixado no casal pela morte de um filho de ambos, às mãos dos
executores da doutrina que motivou a guerra e todo o sofrimento subsequente.
Claro que as prolongadas
ausências de Lewis facilitam a aproximação entre Stephan (Alexander Skarsgard) e
a sua linda esposa tornando o desfecho lamentavelmente previsível, apesar de
ser um filme de época bem feito, envolvendo representações sólidas inerentes ao
elenco de qualidade que o compõem com particular destaque para Rachael (Keira
Knightley) que fica muito bem vestida com a moda dos anos 40 constituindo assim
um dos polos de atração do filme embora insuficiente para o justificar.
Como facilmente se intui
forma-se um óbvio triângulo amoroso estafado, que se desenrola à velocidade de
uma tartaruga e que é apresentado ao espetador como o único caso importante,
enquanto as mutações sociais, as ruínas que reduziram a cidade de Hamburgo a um
monte de escombros como resultado de intensos bombardeamentos, os cadáveres a
aguardar remoção e as feridas de guerra que transformam a vida na cidade, o
filme não está particularmente interessado em mostrar, focando-se antes no
“mel” que brota às golfadas entre os dois recentes amantes.
Compreende-se que a ideia
que poderá estar na génese do argumento é a da reconciliação com os nossos
inimigos e mesmo o perdão pelas perdas sofridas, todavia isso não pode
resumir-se a uma cena de amor mais ou menos apaixonada, na cozinha, entre Stephan
e Rachael enquanto Lewis, com paciência e dignidade de santo, trabalha para restabelecer
a lei e a ordem numa Hamburgo destruída e sem regras. Como é que naquele
ambiente, Stephan, um homem amargurado pela derrota, pode apresentar-se como um
herói romântico e Rachael uma esposa egocêntrica que não se detém na análise do
trabalho do marido, tentando pelo menos compreendê-lo?...
Enfim, com demasiada novela
à mistura, pelo menos para o meu gosto, a classificação vai integralmente para
o desempenho dos atores, para a fotografia, para o guarda-roupa e para o
ambiente de época criado no filme.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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