Sinopse
KURSK é
inspirado na história verídica de K-141 Kursk, o submarino nuclear russo que se
afundou no Mar de Barents em agosto de 2000.
À medida que
23 marinheiros lutam pela sobrevivência dentro da embarcação, as suas famílias
desesperadas combatem obstáculos burocráticos e probabilidades assustadoras
para conseguirem encontrar respostas e salvar os entes queridos.
Realizado pelo visionário dinamarquês Thomas
Vinterberg (A Caça, Longe da Multidão), KURSK é uma história arrebatadora e
emocionante que conta com Colin Firth, Léa Seydoux, Matthias Schoenaerts e o
lendário Max von Sydow no seu elenco.
Opinião
por Artur Neves
Nesta história confirma-se o
que já se sabia, as pessoas, os cidadãos de um determinado estado valem menos
do que os “segredos de tecnologia ultrassecreta” (pseudo segredos, porque como
o filme mostra, a tecnologia que quiseram proteger já estava obsoleta) não se
coibindo de sacrificar alguns dos seus servidores militares em benefício de um
avanço tecnológico inexistente.
Por outro lado esta história
também mostra o poder da burocracia, o poder das regras instituídas cegamente
por preconceito da política do ultrasecretismo militar em face de uma realidade
que se impõe mas que a regra não contempla, por mero autismo das instituições e
dos seus mais altos representantes. É a vida que todos conhecemos deste mundo
que habitamos.
No filme a história
desenrola-se lentamente, tal como a agonia dos tripulantes após o acidente que
deu origem á explosão acidental do primeiro torpedo, não obstante os sinais de
mau funcionamento serem visíveis e de terem sido cumpridos todos os
procedimentos estabelecidos. Era apenas um exercício com um submarino nuclear
que era o orgulho da tecnologia Russa, cuja explosão mata mais de metade da
tripulação instantaneamente, restando apenas 23 sobreviventes que se reúnam num
compartimento parcialmente deteriorado mas com potencialidade de os abrigar da
água gelada que entra pelas frestas, da escassez de oxigénio e das baixas
temperaturas até á chegada dos meios de resgate.
Em terra, as famílias dos
marinheiros procuram informações e respostas às perguntas da sua aflição, mas confrontam-se
com autoridades formais, relutantes em perder a face perante o povo, escondendo
e mentindo sobre a real situação que enfrentam, na insuficiência e inadequação de
meios para realizarem o resgate. Do conjunto de todo aquele desespero de mães e
esposas ansiosas por notícias, ressalta uma mãe aflita que foi calada através
de um sedativo injetado no calor da discussão por um dos agentes que a
seguravam. Todavia em nenhum momento é citado o presidente Vladimir Putin, embora
este caso tenha constituído o primeiro desafio da sua recente presidência.
A filmagem apresenta traços
de inteligência, sublinhando o que é importante, como a vida a bordo no submarino
sinistrado em versão widescreen (ecrã inteiro) e um tamanho menor em todas as
cenas fora da ação. Por outro lado, a música de Alexandre Desplat acentua as
sequencias mais dramáticas com uma melodia melancólica que nos ajuda a
envolver-nos no drama que estamos a assistir. Thomas Vinterberg tem aqui um bom
desempenho de realização preferindo atores e atrizes europeias em vez de Russos,
o que aponta o filme para o clássico drama de guerra de Hollywood, comovente e
interessante. Recomendo.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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