5 de fevereiro de 2019

Opinião – “VICE” de Adam McKay


Sinopse

Do argumentista e realizador vencedor do ÓSCAR Adam McKay (“A Queda de Wall Street”) VICE explora o percurso de Dick Cheney (interpretado pelo vencedor do ÓSCAR Christian Bale), desde a época em que era um humilde operário no Texas, até se tornar no homem mais poderoso do planeta, depois de, sob a orientação da sua leal mulher Lynne (Amy Adams), ascender ao cargo de Vice-Presidente dos EUA, redefinindo para sempre o país e o mundo.
Com a participação de Steve Carell, Sam Rockell e Tyler Perry, o filme foi já nomeado para 6 Globos de Ouro, garantindo a Christian Bale o prémio para Melhor Ator (Musical ou Comédia) pela sua interpretação de Dick Cheney.

Opinião por Artur Neves

Em presença dos factos que nos são revelados neste filme, não sei se é melhor conhecê-los ou permanecer na suave ignorância de pensar que quem nos governa, ou como neste caso, quem governa o mundo, reúne as melhores condições, conhecimentos e possui ambição e objetivos de melhoria e progresso para todos. É o contrário de tudo isto que nos mostra esta história.
A história que nos trás este filme é uma biografia sobre um dos homens mais poderosos da terra, quando, percebendo as fragilidades de George W. Bush, filho, o manipulou de tal forma, com o consentimento deste, que o convenceu a neutralizar as leis e os princípios de gestão do governo americano para que o lugar de vice-presidente, tradicionalmente simbólico e pouco relevante, fosse fundamental e determinante em todas as decisões. De tal forma isso aconteceu que Dick Cheney no exercício do seu mandato, teve direito a escritórios de trabalho, apoiados pelo correspondente staff, no Senado, na Câmara dos Representantes, no Pentágono e na própria CIA, de forma e conseguir reunir antecipadamente todos os elementos e informações úteis para a sua hegemónica tomada do poder em Washington DC.
Inicialmente Cheney é-nos apresentado como um mau aluno que foi expulso de Yale, bêbado e sem futuro, tendo mesmo sido empregado numa empresa de distribuição de energia elétrica. É sua mulher, Lynne que duramente o chama à razão e ele, para honrar a promessa feita, chega a estagiário do Congresso em 1969, sob a orientação de Donald Rumsfeld, (Steve Carell) de quem permaneceu amigo e compagnon de route até ao final da guerra do Iraque.
Considerando o largo período abarcado pelo filme, este é narrado por um personagem, que só no final saberemos de quem realmente se trata, pois a multiplicidade de assuntos, factos e eventos que envolvem o casal Cheney só seriam percebidos em tempo útil através de um narrador, como tal, todo o filme é de sequência rápida, em jeito de reportagem, destacando-se todavia duas partes; a primeira até 1977 com a presidência de Jimmy Carter, democrata, e a segunda a partir de 1989 com a presidência de G. W. Bush, republicano, que o convidou e lhe entregou o lugar de VP que ele transformou a seu modo. Neste intervalo o realizador e autor do argumento Adam McKay insere uma sequência falsa de créditos finais, para recomeçar e segundo e definitivo esplendor deste personagem.
Com este filme McKay provoca-nos a refletir se estamos de acordo com este homem, com esta forma de poder, mostrando-nos o lado humano e o lado que executa atrocidades da dimensão da invasão do Iraque e suas sequelas. Estivemos cá todos e vivemos isto, pelo que nos cabe também interrogarmo-nos se nos sentimos considerados e envolvidos pelas ações que presenciámos. Obrigatório ver.

Classificação: 9 numa escala de 10

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