20 de fevereiro de 2019

Opinião – “O Prodígio” de Nicholas McCarthy


Sinopse

Em “O Prodígio”, Taylor Schilling (protagonista da série "Orange is the New Black") interpreta a protagonista Sarah, cujo filho sobredotado, Miles (Jackson Robert Scott - o jovem Georgie de "It") manifesta um comportamento perturbador que evidencia a eventual possessão por uma força maléfica e possivelmente sobrenatural. Receando pela segurança da família, Sarah terá de escolher entre o instinto maternal de amar e proteger Miles e uma necessidade desesperada de investigar aquilo que – ou quem – é responsável pela sombria e assustadora transformação deste.

Opinião por Artur Neves

Não podemos esquecer que o objectivo constantemente presente em filmes de suspense ou de terror é fazer-nos estremecer pela surpresa da acção, venha lá de onde ela venha. Para isso é necessário induzir pistas no espetador que o levem por caminhos que a realização não irá, ou pelo menos, não vá tão directamente como a pistas oferecidas nos possam levar a inferir. Ora não é bem isso que acontece nesta história.
Com um argumento próximo de “O Génio do Mal” de 1976, esta história escrita por Jeff Buhler e realizada por Nicholas McCarthy, nunca chega a preocupar muito o espetador porque cedo se compreende que Miles é uma criança possuída por alguma força estranha e decorrente disso, superdotada em áreas indefinidas que Buhler não especifica nem detalha porque o seu verdadeiro objectivo á criar “pontos quentes” em que a acção se afirme e nos perturbe.
Porém a realização de McCarthy também não ajuda, gastando tempo demais na preparação do susto, ou sequer, para a cena se tornar emocionante, considerando que decorre enquanto ficamos à espera de que aconteça o que já sabemos que vai acontecer. Para que o suspense se mantenha estes dois elementos não devem acontecer na mesma cena, ou temos uma surpresa, ou somos informados da forma como se processa o que já sabemos que vai acontecer.
Tal como em “O Génio do mal” uma jovem mãe dá à luz uma criança que ao longo do seu desenvolvimento começa a agir de forma esquisita, o que causa as preocupações inerentes à sua progenitora que para lá de não ter a solução imediata, procura ajuda onde quer que ela se encontre embora rejeite à partida o veredicto que nós já conhecemos desde o início da história. Este figurino é semelhante aos desafios de wrestling em que as presumíveis ofensas mútuas entre os dois contendores são muitas, mas todos sabemos que os combates são encenados e no fim do jogo vão todos tomar um copo no bar mais próximo.
A banda sonora é outro elemento fundamental nestas histórias e Joseph Bishara é honesto no seu trabalho sem ser particularmente imaginativo, como na saga “Insidious”, mas ainda assim funciona ao nível do esperado. Sarah (Taylor Schilling) compõe uma mãe suficientemente credível para o terror envolvido embora o argumento a obrigue a tomar decisões estúpidas que numa encenação mais realista não seria possível. É o resultado da busca do sucesso a qualquer preço pela produção. Ela merecia tomar melhores decisões e nós merecíamos melhor, nós só queremos o estímulo emocional produzido por uma história bem composta, mas não é exactamente isso que encontramos… é pena.

Classificação: 5 numa escala de 10

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